A crise trouxe-lhe tudo, o desemprego, o desespero e sobretudo o sentimento cada vez mais forte de inutilidade...
O pesadelo durava há mais de um ano.
O marido também estava desempregado e ultimamente começara a pressioná-la para aceitar trabalhar num bar nocturno de alterne e de mais qualquer coisa. Disse-lhe que só custava os primeiros dias.
Ela ficou em silêncio.
Continuou à procura de trabalho, porque não queria tornar-se uma "rameira"...
Uma noite ele disse-lhe para se vestir, de uma forma leve, sem se esquecer de se pintar, porque ia começar a trabalhar no bar do Joca.
Enfiou-se no quarto e começou a chorar.
O marido entrou no quarto e tentou obrigá-la a vestir-se, dizendo que estava a ficar tarde. Ela levantou-se e disse: «não sou capaz», sem esconder as lágrimas.
Ele virou-lhe as costas e saiu, deixando a porta da rua bater com estrondo, ecoando pela escadaria do prédio.
O óleo é de Burton Silverman.
Muito triste que algo assim possa estar a suceder...
ResponderEliminarÉ uma triste realidade.
ResponderEliminarAbraço
Há coisas de que não se é capaz, por muito que a vida nos decepcione...
ResponderEliminarBeijos.
Onde é que fica o bar do Joca! Se calhar passa as noites e os dias vazio com estas mulheres que não conseguem.
ResponderEliminarBoa Páscoa!
Muito duro!
ResponderEliminarmas acontece, Gábi.
ResponderEliminarvivemos um tempo de dilemas de toda a ordem, inclusive morais.
muito triste, Rita.
ResponderEliminarsim, Filoxera.
ResponderEliminarisso pouco importa, Carlos.
ResponderEliminaro que é terrível é a degradação da nossa vida, a todos os niveis.
é verdade, Graça.
ResponderEliminartriste e triste....
ResponderEliminar:(
sim, muito triste, Pi.
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