sexta-feira, novembro 04, 2011

O Quadro da Sala


O valor das obras de arte sempre foi, e continua a ser, relativo, porque há quadros que têm histórias demasiado fortes, para terem preço.


Era o que se passava com o quadro da sala da casa dos avós da Laura, que me deixava sempre por ali, preso, por alguns segundos, até ela me pegar no braço e dizer, «anda».

Ainda conheci a jovem que estava ali, sentada, no meio do campo, para todo o sempre, a matriarca da família, que nos preparava lanches deliciosos, no intervalo das brincadeiras.

Numa das últimas vezes que estive com a Laura, falei-lhe do quadro. Ela sorriu por eu ainda me lembrar do retrato da avó pintado por um jovem pintor, que nunca se tornou conhecido. Acabou por me dizer que agora estava pendurado na sua sala, depois de ter andado por várias paredes da casa dos pais. Convidou-me para uma visita, para me ver parado, a olhar para a avó, como fazia na infância. Prometeu que desta vez não me puxava o braço e dizia, »anda»...

O óleo é de Prudence Heward.

12 comentários:

  1. :)

    gosto de te imaginar, parado, a olhar o quadro.

    Também tenho na minha memória um quadro que me impressionou na infância. Dois, aliás, acabei de me lembrar do outro. Ocasionalmente, lembro-me de um ou do outro.

    beijinho, Luís

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  2. Um texto bonito, como costumam ser os teus.
    Há pessoas que nos deixam marcas inolvidáveis mas já aqui se adivinhava uma certa tendência para o apreço pela arte.

    Bem-hajas!

    Beijinho

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  3. Gostei tanto da ternura deste post, Luis...
    Beijos e bom Domingo.

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  4. além deste quadro haviam também umas fotografias do Benfica (na casa do meu vizinho de cima), campeão europeu de futebol, do José Àguas a erguer a taça, que me faziam ficar parado, por ali.

    acho que foi por isso que me tornei benfiquista, Maria. :)

    há sempre coisas por aí, diferentes capazes de me captarem a atenção.

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  5. sim, gosto muito de Arte, Isamar, de tudo aquilo que quer comunicar comigo. :)

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  6. e eu gostei das tuas palavras, Filoxera. :)

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  7. que ternura.
    por breves momentos lembrei de quando o meu primeiro poema fou publicado num jornal da cidade onde nasci e que o meu pai emoldurou e colocou no quarto de jantar, como se fosse uma obra prima.

    obrigada!

    beij

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  8. Há pessoas que nunca esquecemos. Podem estar num quadro tão belo quanto o do post, ou podem até nunca ter tirado um retrato em toda a sua vida.
    Um abraço

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  9. que ternura o gesto do teu pai, Piedade.

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  10. sim, as memórias não precisam de ser palpáveis, Elvira.

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  11. Lindo. Também eu gostava de ter visto este quadro.

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  12. de vez em quando lembramo-nos de coisas assim, Laura.

    faz bem andar na rua, a ver o mundo, a ver as pessoas, revive as memórias e oferece-nos histórias. :)

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