sábado, maio 07, 2011

Amesterdão, Cidade de Esperança


O aeroporto é sobretudo um espaço de passagem, de encontros e desencontros, e claro, muita paciência, porque os atrasos fazem parte do seu quotidiano.


Podemos ir para continentes diferentes e encontramos-nos por ali, à espera, quase prisioneiros de um destino. Por vezes uma atenção e um gesto simpático podem ser o mote para uma conversa, ou até mesmo o livro que temos na mão, companheiro fiel e silencioso para quase todas as horas.

Holanda era o destino daquela mulher jovem, ou seja a sua cidade maior, Amesterdão, lugar de tantas canções, filmes e romances...

Estranhei ela começar a tratar-me por tu. Raramente uso esse tratamento com pessoas desconhecidas, a não ser que se trate de alguém jovem, com idade para ser meu filho. E ela por acaso até podia ser minha filha. Provavelmente foi por isso entrei naquele tu cá tu lá, circunstancial.

Sem lhe perguntar quase nada, explicou-me que ia viver com uma irmã e tentar ficar no país das tulipas, depois do pai ter sido despedido e as coisas terem ficado péssimas em casa.

«Fingimos que está tudo bem, anos a fio. Sentimos-nos incapazes por nós próprios de acabar com uma relação ou simplesmente abandonar o conforto da casa dos nossos pais.

É sempre mais fácil partir quando nada te segura ou quando és empurrado para a rua.»

Ela tinha razão. As dificuldades ajudam-nos quase sempre a despertar para a vida, a dar um grito, arregaçar as mangas e partir para a luta.

Estou convencido que a entrada do FMI no nosso país vai fazer com isto suceda em muitos casos...

O óleo é de Luís Soler.

6 comentários:

  1. Sem dúvida que vai suceder muitos casos desses.
    Por enquanto é preciso saborear este interlúdio, porque o pior ainda está para vir.

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  2. pois é, imfelismente tens razão.

    bom domingo!

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  3. As dificuldades ajudam-nos quase sempre a despertar para a vida.. es cierto amigo.
    que sentido relato.
    bom domingo

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  4. sim, Carlos, parece que ainda temos uns meses, eles vão adiando a "coisa". dizem que em 2011 é que dói...

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  5. quem não tem emprego é que já está a sentir com as alterações das regras, Piedade.

    há várias alternativas:

    quem tem algum espírito de aventura, parte.

    quem não tem grandes principios morais, rouba.

    etc

    quem baixa a cabeça e os braços, mendiga.

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  6. obrigam-nos, Momo.

    então se existem terceiros em causa, dependentes de nós (pais, filhos), vamos de seca a meca.

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