Não vem mal nenhum ao mundo pelo facto de os poetas serem uns fingidores.
Ainda por cima fingem quase sempre bem. E é por isso que conseguem mexer tanto com as nossas emoções.
Um amigo deu-me ao ler uma série de sonetos. Reparei que havia um grande desequibrio no conjunto, havia uns muito bons e outros fracotes. Nos mais fracos notava-se que havia ali muito esforço na procura das palavras que rimassem e entrassem dentro do soneto.
É por isso que não há nada como a "Poesia Livre", onde quase que são as palavras que nos escolhem a nós.
Uma boa parte dos versos falava do mar, de muitas viagens oceano fora, feitas de veleiro.
Além de lhe ter falado do tal desequilibro, disse-lhe que desconhecia a sua faceta de navegador solitário.
Ele sorriu e disse-me que a sua "alma de marinheiro" se limitava à poesia. Nunca tinha sequer andado num veleiro, e viagens de barco, só mesmo de cacilheiro...
Como gostei de muitos dos seus sonetos oceânicos, disse-lhe: «ainda bem que os poetas são uns bons fingidores».
O óleo é de Izvor Pende.
rsrsrs Teu amigo é muito criativo.
ResponderEliminarEu prefiro a poesia livre, acho mais espontânea. Pelo menos, quando me aventuro nela, sou espontânea. Poesia é tudo de bom!
E que sincronicidade, hein, amigo?
Beijos, Luis e bom finds!
de acordo: poesia livre e espontânea. :-)
ResponderEliminarAinda bem que há quem finja (ou não) de forma tão sublime que nos faz sentir parte desse finjimento.
ResponderEliminarDizia Torga "É um ofício duro, o de poeta. Começa por ser uma vocação irreprimível e acaba por ser uma penitência assumida".
:-)
Beijos, Luis.
Mas suponho que, se retirada a película do fingimento, ficaria exposta uma implacável transparência. Ilegível, no entanto. [Felizmente, digo eu :)]
ResponderEliminarBjos
nem sempre o poeta finge.
ResponderEliminare sonetos são dificeis de escrever mesmo para os fingidores.
e aqui te deixo este de um Poeta que nem preciso dizer quem é.
Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
boa semana e um grande
beij
eu também prefiro a poesia livre, Cris.
ResponderEliminarnão há busca de palavras para a rima.
é, Sinhã, estamos em sintonia poética.
ResponderEliminaré isso e muito mais, Filoxera.
ResponderEliminaré duro mas também é libertador.
muitas vezes a transparência está lá, o fingimento é apenas uma rua, Virginia...
ResponderEliminargrato pela oferta das palavras do Poeta Maior, Piedade.
ResponderEliminarExacto la plabras nos escogen a nosotros...
ResponderEliminarbeijosss
sim, Momo...
ResponderEliminare ainda bem.