sábado, abril 02, 2011

Os Poetas São uns Fingidores


Não vem mal nenhum ao mundo pelo facto de os poetas serem uns fingidores.


Ainda por cima fingem quase sempre bem. E é por isso que conseguem mexer tanto com as nossas emoções.

Um amigo deu-me ao ler uma série de sonetos. Reparei que havia um grande desequibrio no conjunto, havia uns muito bons e outros fracotes. Nos mais fracos notava-se que havia ali muito esforço na procura das palavras que rimassem e entrassem dentro do soneto.

É por isso que não há nada como a "Poesia Livre", onde quase que são as palavras que nos escolhem a nós.

Uma boa parte dos versos falava do mar, de muitas viagens oceano fora, feitas de veleiro.

Além de lhe ter falado do tal desequilibro, disse-lhe que desconhecia a sua faceta de navegador solitário.

Ele sorriu e disse-me que a sua "alma de marinheiro" se limitava à poesia. Nunca tinha sequer andado num veleiro, e viagens de barco, só mesmo de cacilheiro...

Como gostei de muitos dos seus sonetos oceânicos, disse-lhe: «ainda bem que os poetas são uns bons fingidores».


O óleo é de Izvor Pende.

12 comentários:

  1. rsrsrs Teu amigo é muito criativo.

    Eu prefiro a poesia livre, acho mais espontânea. Pelo menos, quando me aventuro nela, sou espontânea. Poesia é tudo de bom!

    E que sincronicidade, hein, amigo?

    Beijos, Luis e bom finds!

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  2. de acordo: poesia livre e espontânea. :-)

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  3. Ainda bem que há quem finja (ou não) de forma tão sublime que nos faz sentir parte desse finjimento.
    Dizia Torga "É um ofício duro, o de poeta. Começa por ser uma vocação irreprimível e acaba por ser uma penitência assumida".
    :-)
    Beijos, Luis.

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  4. Mas suponho que, se retirada a película do fingimento, ficaria exposta uma implacável transparência. Ilegível, no entanto. [Felizmente, digo eu :)]

    Bjos

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  5. nem sempre o poeta finge.
    e sonetos são dificeis de escrever mesmo para os fingidores.
    e aqui te deixo este de um Poeta que nem preciso dizer quem é.

    Autopsicografia

    O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.

    E os que lêem o que escreve,
    Na dor lida sentem bem,
    Não as duas que ele teve,
    Mas só a que eles não têm.

    E assim nas calhas de roda
    Gira, a entreter a razão,
    Esse comboio de corda
    Que se chama coração.

    boa semana e um grande

    beij

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  6. eu também prefiro a poesia livre, Cris.

    não há busca de palavras para a rima.

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  7. é, Sinhã, estamos em sintonia poética.

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  8. é isso e muito mais, Filoxera.

    é duro mas também é libertador.

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  9. muitas vezes a transparência está lá, o fingimento é apenas uma rua, Virginia...

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  10. grato pela oferta das palavras do Poeta Maior, Piedade.

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  11. Exacto la plabras nos escogen a nosotros...
    beijosss

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