segunda-feira, novembro 30, 2009

A Banalização da Vida Versus a Injustiça da Justiça

Ontem à noite estive a ver o "Cinderela Man", um filme que fala de outros tempos, de outro mundo, que curiosamente volta a aproximar-se de nós.

As filas para se arranjar um trabalho duro por um dia, o não ter comer para dar aos filhos, o deixar de pagar a renda, a água e a luz, infelizmente, começam a ser coisa do nosso tempo...
E depois as lições de dignidade dos pobres, que preferiam muitas vezes a fome a terem de roubar, como a que o "Cinderela" deu ao filho, obrigando-o a devolver o salame roubado no talho e a prometer-lhe que não voltaria a roubar nada, por esta não ser a solução, em nenhuma circunstância.
Isso fez-me voltar a estes nossos tempos, que dariam um filme ainda mais dramático, pois com toda esta crise de valores que nos rodeia, é muito difícil a qualquer pai dizer uma coisa destas. Ainda mais num país injusto e desigual como o nosso, em que todos sabemos que quem mais rouba é quem menos precisa e raramente vão para a prisão. E roubam sempre milhões. Milhões que também servem para pagar àquela meia dúzia de advogados vaidosos que já todos conhecemos, que gostam tanto de aparecer na televisão como de defender "ricos e poderosos". É evidente que estes advogados além de vaidosos também são "muito bons", pois conseguem livrar os seus clientes das maiores trapalhadas, como todos sabemos.

Virando a página, sem deixar a (in) justiça que se amontoa por aí, porque o facto da justiça ser injusta, transporta sempre uma série de sarilhos. Percebe-se que há cada vez mais casos de gente que acha que pode fazer tudo, com quase total impunidade, como foi o caso do "assassino de mulheres", que desta vez não se ficou por aqui, foi mais longe, pagando a brandura dos agentes da GNR com mais uma morte e um ferido (sim, um assassino como este tinha de ser imobilizado e algemado imediatamente, assim que foi preso, para não ter a tentação de usar o revólver escondido...), no interior do posto policial.
É esta mesma brandura (ou cobardia...) que permite que tipos como este continuem em liberdade, metendo medo a toda a gente, como se fossem "rambos". Agredindo as mulheres, os filhos, e até vizinhos, perante a passividade das próprias forças da autoridade, que aparecem quase sempre tarde demais, por não ligarem a uma palavra tão importante: prevenção.
É pena que as pessoas muitas vezes tenham de aprender, com o sacrifício da própria vida, como foi o caso do elemento da GNR, assassinado. Mas há regras básicas no tratamento que deve ser dado a criminosos...

8 comentários:

  1. Regras mesmo muito básicas. Infelizmente, o facilitismo invadiu a sociedade. Gostei muito de o ler.

    ResponderEliminar
  2. não poderia estar mais de acordo, luís. começo a pensar se casos como este não mereceriam a pena de morte, ou algum tipo de pena tipo prisão solitária... porque temos de parar a violência de vez! bjs*

    ResponderEliminar
  3. E não é estranho que na linguagem da Justiça se chame suspeito de homicídio a quem foi apanhado em flagrante?
    Suspeito era se houvesse dúvidas!
    Em todo o caso esta criatura ficou presa e depressa será condenada mas houve, de facto, muita negligência por parte dos intervenientes que não souberam acautelar a integridade física das vítimas.
    Quanto ao desemprego atingimos em Outubro os 10,2% e sem luz ao fundo do túnel...

    Abraço

    ResponderEliminar
  4. à primeira parte do teu texto eu respondo com o que a minha mãe nos dizia: a um pobre pode faltar o pão, mas nunca a dignidade. é a única coisa que nos faz levantar a cabeça.


    quanto ao resto, repete-se todos os dias e quase nada muda. e são tantos os casos previsíveis...


    um bom dia e um grande beijo

    ResponderEliminar
  5. não sei se é só o facilitismo, Helena.

    é tudo tão rápido...

    ResponderEliminar
  6. é uma questão tão complexa, Alice.

    mas alguma coisa tem de mudar, não temos de voltar a ser "bichos"...

    ResponderEliminar
  7. e mais estranho é quando saem em liberdade, Rosa...

    ResponderEliminar
  8. pois são, Maré.

    fingi-se muito que não se vê, por este país...

    ResponderEliminar