quinta-feira, janeiro 18, 2007

Os Primeiros Mártires da Liberdade de Almada



As greves de 18 de Janeiro de 1934 provocaram os Primeiros Mártires da Liberdade de Almada, depois do golpe de estado de 28 de Maio de 1926.
Os anarco-sindicalistas foram as grandes vitimas deste Movimento Revolucionário, destruindo os sonhos, e até a vida, de muitos jovens que acreditavam na possibilidade de existir um tempo sem deuses e amos.
Joaquim Montes, com apenas 21 anos e Pedro de Matos Filipe, com 29 anos, naturais de Almada, foram condenados a 14 anos de degredo, duas das penas mais pesadas aplicadas pela justiça salazarista.
Começaram a cumprir as suas penas na Fortaleza de Angra do Heroísmo, mas com o aparecimento do Campo do Tarrafal, a jóia da coroa do Estado Novo, foram estrear este presídio de tão má memória. Especialmente para eles, que pereceram na Ilha de Santiago, devido às condições desumanas impostas pelos "carrascos" ao serviço do ditador que enrolou as palavras e os portugueses durante 36 longos anos.
Pedro Matos Filipe foi mesmo a primeira vitima mortal do Tarrafal, tendo falecido a 20 de Setembro de 1937, menos de um ano depois de ter pisado o arquipélago de Cabo Verde.
Joaquim Montes resistiu mais algum tempo, mas num dos períodos mais negros do Presídio, acabou por cair na cama e não resistiu aos maus tratos e à falta de cuidados médicos. Faleceu a 14 de Fevereiro de 1943.
Joaquim Montes, com apenas 30 anos de idade, despediu-se do mundo dos vivos, em paz, fiel ao ideário redentor e igualitário Anarquista.
Texto ilustrado com o desenho de Joaquim Montes, da autoria de Ligia, para ilustrar o livro "Almada e a Resistência Antifascista", de Luís Alves Milheiro

5 comentários:

  1. Pedro Matos Filipe +
    Joaquim Montes +

    Estes e outros nomes, vítimas da ditadura, deveriam ser repetidos e repetidos ...

    Revisitadas, cerimoniosamente, as suas histórias de vida ...

    Fazia falta, em Portugal, um museu da resistência ... que fizesse jus ao dever primordial de memória e sedimentasse a ideia de que a liberdade é uma construção permanente e frágil que envolveu (e envolve) sofrimento.

    Um museu de feitos, factos, mas ... sobretudo de emoções !Um lugar poético, rasgado do riso ás lágrimas, que nos recordasse permanentemente (pessoas de todas as crenças,idades e origens) que " Há uma gota de sangue em cada ... " acto consciente de liberdade.

    Fazia falta ... já o 25 de Abril vai longe ...

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  2. Gosto deste " Largo da Memória " ...

    Podias colocar umas árvores e uns bancos ...

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  3. Tens toda a razão. Há vários espaços museológicos, mas nenhum com as caracteristicas que enumeras.

    Pois, Isabel, um bancos e umas árvores davam jeito... e alindavam o Largo.

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  4. deixei notícias deste tua notícia no " caderno de campo" ...

    Abraço

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  5. Eu vi e li. Agradeço-te desde já, Isabel, pela amabilidade.

    Não fiz qualquer comentário, para não estar a ser "juiz" em causa própria.

    Terei todo o prazer em oferecer-te um exemplar.

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