Há poucos dias li uma frase, curta, no "Cais do Olhar", que achei de uma grande felicidade.
Foram estas as palavras de Joaquim Manuel Magalhães, professor e poeta, escolhidas pelo Sammy: «Há poemas que não têm caspa nem engordam com o tempo.»
Pouco tempo depois lembrei-me que há dez anos, o poeta Magalhães, resolveu "alterar" e "apagar" grande parte da sua poesia editada até então, com a publicação do seu "Um Toldo Vermelho" (que também substituiu o tão elogiado "A Luz de um Toldo Vermelho"...).
Dizer que o livro e o poeta foram brindados com palavras de escárnio e maldizer, é passar ao de leve pela questão... Pois Joaquim foi tudo menos bem tratado. Houve até quem dissesse que estava senil... Ou seja, foram muito poucos os que aceitaram a decisão do poeta de excluir e substituir a sua obra poética anterior (algo que acaba por se revelar uma impossibilidade, pois seria tarefa impossível andar a recolher de porta em porta os livros editados e vendidos antes de "Um Toldo Vermelho").
Nós achamos que o poeta podia (e pode...) fazer o que lhe apetecesse, com os poemas que escreveu. Mas também estamos fartos de saber que a sua opção teria poucos efeitos práticos (e ele sabia disso...), pois, como já dissemos, os poemas que "alterou" ou "apagou", continuam bem vivos dentro dos livros que publicou antes de "Um Toldo Vermelho".
Voltando à sua frase, à distância de dez anos é possível sorrir e dizer que o que Joaquim Manuel Magalhães achou, foi que toda a poesia que tinha escrito antes de "Um Toldo Vermelho", estava cheia de caspa e de gordurinhas...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
Pensava ele que as razões por não ter lido livros de Joaquim Manuel Magalhães residiam noutros contornos. Esta sua explicação levou-o a olhar, com suficiente clareza, o verdadeiro motivo.
ResponderEliminarMas com tudo isto fiquei com muita curiosidade em ler "A Luz de um Toldo Vermelho" (vou ver se o encontro em alguma biblioteca), Sammy. Sobretudo pela tentativa do autor em o "apagar"...
EliminarPassamos a ser dois!... mas irei à procura do livro - o título é instigante - a um qualquer alfarrabista. Provavelmente na «Letra Livre», final - ou principio - da Calçada do Combro onde sempre encontrei alguns livros que há muito procuro.
ResponderEliminarSim, deve haver qualquer coisa na "Letra Livre", Sammy, um dos nossos templos da poesia.
Eliminar