sexta-feira, abril 08, 2016

O País das "Virgens Ofendidas"


Embora não ache aceitável a linguagem do Ministro da Cultura, estranho que exista tanta gente escandalizada pela forma como ele reagiu a dois artigos insultuosos de quem devia ter muito cuidado, para não morder a língua. 

Pelos vistos é muito mais grave um governante oferecer duas bofetadas a quem o insulta que lesar o Estado em milhões, como tem acontecido em tantos negócios obscuros, nos quais os responsáveis fingem que não tiveram nada a ver com o assunto (muitas vezes de bolsos cheios...) e quem acabam por pagar a factura, somos sempre nós, os contribuintes...

4 comentários:

  1. Luís, não me sinto escandalizada com tal atitude. O que sinto é mais grave: decepcionada com o facto de existirem pessoas, sobretudo estas que ocupam cargos públicos desta envergadura, que não respeitam as regras de um estado democrático. Porque a democracia não é compatível com violência. Se a democracia nos acrescenta liberdade, não esqueçamos que ela, a liberdade, tem implícita maior responsabilidade.
    Ontem, quando disse isto num grupo que curtia a piadinha do senhor ministro, fizeram-me a seguinte observação: "Julgava que tinhas uma visão menos 'sagrada' da democracia, que não ias tão longe." Não me interessa ter uma visão ligeira da democracia.
    Contudo, aborrece-me que se ande a falar demasiado disto e, presumo, a fazer pouco. Se fosse eu a ameaçar desta forma, publicamente, uma pessoa, ficaria assim? Ou seria alvo de investigação por difamação ou coisa do género?

    Para mim, a segunda parte que referes não conta para a minha interpretação. Falas de coisas de 'ordens' diferentes. Comparar o incomparável não me parece que acrescente para a resolução do que está errado, quer no caso da ameaça de porrada, como no roubo de milhões.
    Luís, por este caminho, a discussão não será estéril?

    Olha, desejo-te um fim-de-semana sem bofetadas. :))

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    1. Concordo com o teu ponto de vista, Isabel.

      Mas na minha opinião não acho que se possam desligar as duas partes, porque ser ministro não é "ofender", "ameaçar bater", muito menos "roubar". E têm existido situações que são autênticos roubos a todos nós.

      Custa-me viver num país que se acusa e prende que rouba tostões e se deixa em liberdade quem rouba milhões.

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  2. Não sei até que ponto posso ser considerada uma falsa virgem, mas a mim a atitude do ministro pareceu-me uma atitude de outros tempos, outras políticas. Fez-me pensar que se o senhor fosse ministro nessa época provavelmente em vez de ameaçar com bofetadas, mandaria quem o censurasse para Caxias ou Peniche.
    Um abraço

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    1. Elvira, a referência às "virgens ofendidas" é a quem tem telhados de vidro, como é o caso de muitos políticos e até comentadores, nunca a gente como nós, cidadãos comuns.

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