quarta-feira, julho 13, 2011

A Maneira Pequenina de ser Português


Uma das coisas que sempre me irritou neste "paraíso" (cada vez mais só para alguns...), é a maneira estúpida que um certo funcionalismo público tem de esconder os direitos das pessoas.

Noutros países, que prezam o civismo e os direitos sociais, as pessoas são informadas que poderão usufruir disto ou daquilo, com a maior das normalidades. Por cá há o velho hábito de guardar essas "benesses" apenas para os amigos.

Infelizmente esta postura continua bem presente no nosso dia a dia. Digo isto graças ao célebre "magalhães", que continua a ser distribuído nas escolas.

A minha filha frequentava o primeiro ano e tinha direito ao dito cujo, tal como todos os meninos da sua idade. Mas o ano lectivo chegou ao fim e nada de "magalhães". Não estávamos muito preocupados, até por existirem dois computadores cá em casa. Mas na reunião de final de ano com a professora, alguns pais disseram que já tinha a "máquina" em casa, embora não explicassem muito bem como tinham recebido a informação para levantarem o pequeno computador. A professora também revelou não saber nada sobre o assunto.

Nos entretantos, à boa maneira portuguesa, houve alguém que espalhou o boato que como ninguém ia levantar os portáteis azuis à sede do agrupamento, já havia quem os tivesse em duplicado em casa.

Hoje dirigi-me à secretaria e disse que estava ali para levantar o "magalhães" da minha filha. A senhora foi logo buscar uma caixa, de seguida pediu-me a identificação e depois o valor correspondente ao meu escalão. No final perguntei-lhe porque razão os pais não foram informados pela escola que os computadores já podiam ser levantados. A senhora com uma grande lata disse-me que se estava ali é porque tinha sido informado. Respondi-lhe que tinha sido informado pelo "diz que disse", que não recebera qualquer informação da escola. A senhora abanou os ombros com um sorriso e eu virei-lhe as costas, com um bom dia.

Percebi que se queria o "magalhães", eu é que tinha de me dirigir à escola, e não era a escola que tinha me de comunicar que eles já estavam na respectiva secretaria.

Infelizmente todos os pais que estão à espera que lhes digam alguma coisa sobre a data em que poderão levantar o computador, correm o risco de ficar sem ele (não é que se perca grande coisa, mas...), contrariando aquilo que nos foi sido dito quando preenchemos a ficha com os nossos dados, manifestando o interesse em adquirir a "máquina" que tanto maravilhou o Chavez.

É por estas e por outras que gostava de viver num país mais justo e com pessoas com mais um palmo ou dois, de carácter e profissionalismo.

O óleo é de Vittorio Polidori.

4 comentários:

  1. Eu gostaria mesmo de viver num país onde o profissionalismo fosse uma exigência.

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  2. eu também, Helena.

    (tanto chefe dos serviços públicos que privilegia a "graxa" e a "bufaria", deitando fora a competência...)

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  3. Muito mal feito!
    Os filhos de uma amiga minha só os conseguiram depois dos restantes colegas, mas aí terá sido um problema diferente e não por falta de aviso da escola.

    E lembrei-me de uma situação em sentido contrário. Quando me furtaram a minha mala, os meus documentos apareceram dias depois, e o Agente dos Perdidos e Achados ligou do seu telemóvel (porque não tinham verba na esquadra) para me avisar. Aqui foi-se além do que se tinha ou se podia ir.

    beijinho

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  4. infelizmente é assim que as coisas funcionam, Gábi.

    tantas vezes que somos acosselhados pela gente do sistema a recorrer à cunha e ao conhecido, para conseguirmos o que devia ser legítimo...

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