Muitas vezes lemos as notícias ou crónicas de "esguelha", ou nem sequer lemos, ficamos pelos títulos. Longe vão os tempos em que era capaz de ler um jornal, do principio até ao fim. Não sou dos que culpam a "net" ou jornalismo dos nossos dias. Prefiro culpar o excesso de informação, que faz com que fiquemos completamente baralhados.
Tudo isto para dizer que só esta semana é que li a crónica, Sob Escuta", de Pedro Mexia no "Atual" (Expresso), de 21 de Maio, quando despachava jornais para a reciclagem. Embora a sua prosa fale da experiência de ser escutado, ele também disse o seguinte:
«Eu não levo a mal que as pessoas queiram ouvir as conversas alheias. Boa parte daquilo que escrevo baseia-se em conversas que ouvi. Mas é aquilo a que Alexandre O'Neill chamava a "central das frases": bocados de diálogos coleccionados nas ruas da cidade, falas ocasionais, desconexas, palavras trocadas em cafés ou em ajuntamentos.»
Eu também escrevo muito sobre o que ouço por aí. A última coisa hilariante que escutei foi um casal de alguma idade a discutir porque o homem chamou paneleiro a um fulano que estava numa outra mesa da esplanada. A senhora disse que lhe tinha feito mal andar a fazer de figurante na TVI, que agora achava que todos os homens modernos eram como o Goucha. O mais grave é que a provável falta de audição fazia com que falassem alto e toda a gente os olhasse de lado, esboçando alguns sorrisos, ao mesmo tempo que esqueciam o tal homem moderno, de calças vermelhas e camisa branca...
Pois parece que lhe fez mal,mesmo...
ResponderEliminaro preconceito anda sempre por ai, Ivete.
ResponderEliminarEu vejo, ouço, então nos transportes públicos é cada coisa, mas não me dá para a escrita,
ResponderEliminarCada um é para o que nasce, Luís.
Nunca desistas de escrever.
não estou nem tenho pensado nisso, Alice. :)
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