quarta-feira, setembro 29, 2010

Uma Rameira Diferente

«O avô visitava-a meia dúzia de vezes por ano.

Não era um "necessitado" sexual, mas havia coisas que só ele e aquela mulher entendiam. Talvez fosse essa a razão de ser recebido de uma forma diferente, sem horas de partir, porque ele não era bem um cliente, era muito mais que isso.

O avô sentia-se bem na sua companhia, nunca me falou em pormenores picantes, apenas me disse que adorava ser despido por ela - não se lembrava de alguma vez ter sido despido pela avó -, mas o que mais recordava daquelas visitas eram as conversas, antes, durante e depois.

Confidenciou-me que a mulher que vendia prazer gostava de ler livros e ele trazia-lhe sempre um. Nunca mais falou com ninguém, sobre livros, como com ela...»
(extracto de um conto que escrevi sobre livros e leitores...)
O óleo é de Fulvio di Marinis.

12 comentários:

  1. Uma rameira culta e um avô protector.
    Ainda não sou avô e gosto de livros e também de os oferecer.
    Agora estou a ler a biografia de Cesário Verde da Maria Filomena Mónica.
    Eis um livro que gostava de oferecer à tal rameira.

    Abraço!

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  2. Eu de rameiras entendo muito pouco...
    Existem bastantes livros, peças de teatro, telenovelas e filmes construídos à volta das suas vidas.
    Para mim não é fácil encontrar romantismo numa tão triste profissão.
    Talvez por ser mulher...

    Há nesse meio gente digna de respeito e muita outra digna de desprezo (tanto podem pertencer ao sexo feminino como ao masculino, aliás).
    Para um homem, entretanto, fantasiar será provavelmente natural...

    Vive la difference!!!

    Beijinho

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  3. Gostei do que li. Fiquei com vontade de ler o resto...

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  4. :) mostra mais os teus escritos, luís... fiquei a pensar neste... um beijinho grande.

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  5. e ela era capaz de gostar, Carlos...

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  6. também não sou "especialista", Ana, mas é algo que existe e que continua a saltar aos nossos olhos, especialmente nos anúncios de jornais...

    mas noutros tempos era aceite pela sociedade, havia bordeis bastante bem frequentados, até pela realeza...

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  7. os blogues só têm espaço para "microcontos", Alice...

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