segunda-feira, setembro 06, 2010

Um País, Várias (in)Justiças

Mesmo ausente de férias foi impossível passar ao lado dos temas escolhidos pela comunicação social para marcar as "nossas agendas", pelo menos nas páginas dos jornais e nas notícias televisivas (a rádio quando estava sintonizada só nos dava música...).

Vi a entrevista de Carlos Queirós na SIC e percebi que a sua vaidade e a presunção são mais fortes que a sua contenção. Ganhava mais em ficar calado, pois não dizia tantos disparates, como comparar um "polvo" com uma "nuvem". A falar desta maneira até coloca contra si aqueles que percebem o que está por detrás da "coisa"...

E claro, era impossível passar ao lado das sentenças (tardias) do "processo Casa Pia", com condenações que muitos de nós achávamos improváveis, devido a todas as "cortinas de fumo" e "notícias fabricadas" que foram colocadas na (e pela) comunicação social ao longo dos oito anos que este pesadelo durou e que nos entrou pela casa, diariamente durante anos, sem pedir licença.

Uma boa parte de nós rege-se pelo instinto. Sem conhecer o processo ao pormenor, sente que fulano é culpado e beltrano inocente. É provável que este "instinto" tenha sido influenciado pelas notícias que fomos lendo, vendo e ouvindo.

O que muitos não pensariam é que aquilo que começou por ser um processo político, o primeiro, descaradamente político, montado por uma direita do mais rasteiro que há, que até teve a minúcia de retirar os nomes ligados ao PSD e PP da lista de suspeitos (é aqui que não percebo o papel da Polícia Judiciária e do Ministério Público, ou então sou forçado a perceber, fazendo fé nos processos políticos seguintes...), condenasse os arguidos com tantos anos de prisão.

Apesar dos gritos e das conferências de imprensa inflamadas a clamarem "justiça", após a sentença e da confusão (e falta de isenção) a que nos habituou a comunicação social, continuo a acreditar muito mais nos juízes e nas vitimas que nos arguidos.
Agora é tempo de recursos, mais tempo de espera (como este óleo de Michelle del Campo indicia...), mais tempo de confusão com novos episódios da divulgação e manipulação do processo, deitando cá para fora apenas as partes que interessam a quem continua a ter muito poder...

4 comentários:

  1. terminadas as férias ,e o tempo de "jibóiar" ,retomo a leitura diária dos blogues do meu contentamento .nem sempre comento ( como sabes ) mas todos os dias retenho algo novo ....

    ...e ,mais uma vez ,sem engano ,perco.me na leitura deste excelente texto que subscrevo ,na íntegra




    .
    um beijo

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  2. Olá Luís :-)
    Não posso deixar de dizer que concordo contigo. Prefiro acreditar na capacidade profissional dos juízes e nos testemunhos das vítimas, do que nas belas encenações televisivas dos arguidos.

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  3. sem dúvida, Vera...

    e olá também para ti.

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