quinta-feira, setembro 09, 2010

Talvez...

Talvez o nosso país seja mesmo um pesadelo.

Segundo muitos "pessimistas", desde sempre.

Há argumentos para todos os gostos. Profetas da desgraça que contam sempre a "estorinha" do filho que bateu na mãe (detesto ouvir esta babuseira), no começo da nossa história, acrescentando que o que nasce torto nunca se endireita (até apagam o tarde...).

Outros recorrem ao Eça, sempre actual. Esta utilização da literatura nem é grande novidade, os pessimistas de outros países também recorrem aos "clássicos" e até aos grandes filósofos, quando é preciso dizer mal. E há ainda quem regresse à "roma imperial", quando um centurião qualquer, cansado de lutar contra os lusitanos, disse qualquer coisa do género: «estes parvalhões dos montes nem se governam nem se deixam governar.» Enfim, várias "músicas de serrote" para quem gosta do bota abaixo e de nos denegrir como povo.

Outra gente de memória mais esconsa, trás à liça o Salazar, enchendo-o de adjectivos e predicados. Até são capazes de dizer que no seu tempo é que era bom, esquecendo a pobreza e a miséria em que se vivia... e nem falo da repressão, da censura, dos muitos homens e mulheres presos sem culpa formada.

Eu penso que não, nem tudo foi e é mau na nossa história. Falando apenas da nossa história recente, de 1974 a 1986, apesar das constantes mudanças políticas, próprias das democracias, tornámos-nos um país mais justo, com melhor educação, melhor saúde, melhor justiça e melhores condições económicas e sociais.

Onde falhámos redondamente foi após a entrada na Comunidade Europeia. Em vez de fazermos as reformas necessárias, que deveriam visar a modernização e o reforço da democracia no nosso país, desperdiçámos dinheiro e recursos, ano após ano, que tanta falta nos fazem hoje.

Culpados? São sem qualquer dúvida os chefes de governo que alimentaram a ilusão da "entrada na europa dos ricos", sem qualquer esforço ou mudança, de uma forma completamente irresponsável. Cavaco Silva, António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates, bem podem repartir culpas no estado actual do país, sem ser necessário recuar na história...

O óleo é de Kostecki Tomasz.

5 comentários:

  1. É na verdade um tema que suscita os mais diversos comentários! Quem tem culpa afinal da situação dificil a que chegamos?

    É demais evidente a irresponsabilidade política dos líderes referenciados! Mas mais do que a ausência de princípios, também foi a desonestidade que acabou por toldar grande parte da nossa classe política. Da missão pública de servir um país por razão directa do voto dos portugueses, desenvolveram estratégias de grupo ( leia-se partidos políticos) em claríssimos proveitos próprios roçando a ilicitude.

    Culpa de quem, afinal?? Claramente deles, dos que nos governam! Mas e nós, os que somos governados? Ou os portugueses não serão mesmo assim???!!!

    Um Abraço

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  2. infelizmente são muitos os culpados, Rosa e Catarina, embora sejam bons a sacudir a água do capote e a apontar o dedo...

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  3. não somos todos assim, M. Gomes.

    é uma questão cultural e sobretudo educacional.

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