É por isso que cito Bernardo Pires de Lima, que escreveu no já longínquo ano de 2014 (na revista "Ler" de Setembro), aquela que acho ser a melhor "explicação dos pássaros" sobre a Rússia e Putin:
«A Rússia não é, como eternizou Churchill, "uma charada embrulhada num mistério dentro de um enigma". É a mais previsível das grandes potências contemporâneas, aquela que antes de ser já era, que põe em prática o que escreve, que não avisa avisando, que revê a História porque dela se apropriou. A Rússia não é mais do que uma voluptuosa aristocrata com mão de ferro rodeada por uma imensidão de servos e aduladores. A terra é esmagadoramente asiática, mas a cabeça mergulha na continentalidade europeia. Acha-se humilhada, maltratada, espoliada, desprezada por quem já foi seu par nestas desventuras da geopolítica. Não assume as derrotas e procura uma glória passada sem pedir autorização. O excepcionalismo russo é paradoxalmente conservador e revisionista, angelical e brutal, metódico e impulsivo, manipulador e frágil. Vladimir Putin não é mais do que a sua maior síntese.»
Não é que ande à procura de definições sobre ditaduras e ditadores, mas quase que embati de frente neste texto e apetece-me partilhá-lo. Tem a virtude de ter sido escrito em 2014, quando tínhamos pouquinhos especialistas em guerra (sei que é quase uma piada sexista, mas não imaginava que havia tantas mulheres jovens interessadas em teorias e práticas belicistas...).
(Fotografia de Luís Eme - Beira Alta)
Gostei de ler a citação. Há comentadores políticos a mais a repetirem-se uns aos outros.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um abraço.
Muitos, muitos.
EliminarAbraço Graça