quinta-feira, janeiro 26, 2017

As Palavras Trocadas Entre um Café e um Rapaz...

Os dias de chuva como o de hoje são bons para estarmos debaixo de telha, rente a uma janela, a beber um café e a conversar sobre tudo o que apareça na mesa, ou que nos entra pela porta dentro, como aconteceu com o rapaz que aparece nas telenovelas e andou de um lado para o outro, a olhar para todos os lados, à espera de ser reconhecido. Se por acaso o conheceram, fizeram todos vista grossa, e ainda bem. Eu não fazia ideia quem era, foi a Rita que me fez um retrato breve do actor que apareceu por ali a querer testar a sua popularidade (deve ter ficado desiludido...) e que fiquei a saber que faz parte do "clube das novelas da TVI", que eu por um mero acaso não vejo.

Esta vontade de reconhecimento saltou logo para a mesa. Ambos ficámos a pensar no porquê desta necessidade de ter a "estrela de famoso"? De sentir o olhar dos outros em cima de nós?

Sim, é  cada vez mais um imperativo social, como esta minha companheira dos jogos de palavras disse. Mas ambos sabemos que é sobretudo uma aposta pessoal. Eu disse que deveria ter a ver também com a forma como gostamos de nos ver ao espelho e no reflexo das montras, nas fotografias e nos filmes. A Rita disse que sim, acrescentando que ainda bem que éramos do outro clube, dos que gostam mais de olhar que de serem olhados...

Foi uma boa maneira de nos despedirmos com um sorriso, sem pensarmos muito na chuva que nos iria perseguir durante a tarde nas ruas.

(Fotografia de Jean Philippe Charbonnier)

4 comentários:

  1. Luís, é provável que haja quem o faça por necessidade grande. Ou seja, há profissões, como a que referiste, que vivem do mediatismo. Mesmo que seja "só" para alimentar o ego, à partida não tem mal. Mais ou menos isto: eu não quero isso para mim, mas se outros querem e não prejudica, vão em frente, sendo que eu não alimento a coisa.

    É engraçado que há dias li algo que, em parte, contradiz o que referiste.
    No fundo, não precisamos todos de reconhecimento e de estatuto, mesmo os que dizem que não?

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    1. Ninguém disse que tem mal, Isabel. Mas há espectáculos melhores que ver alguém a passar por nós e a olhar para todos os lados, à espera de pelo menos um olhar ou até um sorriso e um aceno.

      Não faço ideia do que queres dizer com a "contradição". Penso que será com algo que terei escrito sobre "reconhecimento".

      Todos somos contraditórios, aqui e e ali, mas há coisas que sei que não confundo. Uma carinha laroca à espera de ser reconhecido na rua não tem nada a ver com a obra de alguém que merece reconhecimento, por exemplo.

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    2. Luís, quando mencionei algo que contradizia, não me referia ao que anteriormente tinhas escrito. Tratou-se da opinião/questionamento de outra pessoa.
      Disse "há dias li algo...", que acabei por cruzar com a tua opinião.
      Não disse que li aqui. Se fosse isso, teria dito, certo?!
      De qualquer modo admito não me ter expressado correctamente. Se assim foi peço-te desculpa.
      Bom fim-de-semana!

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    3. Não precisas de pedir desculpa, Isabel.

      A falar é que nos entendemos.:)

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