segunda-feira, janeiro 09, 2017

Não São os Jovens que Desenham o Mundo...

Muitas vezes olhamos o mundo, como se não fizéssemos parte dele e fossemos apenas meros espectadores de um filme demasiado real e com mais que três dimensões.

Esquecemos os nossos papeis de actores (quase sempre maus...), porque bom é vivermos a nossa vidinha sem grandes chatices. E se tivermos notas suficientes no bolso compramos silêncios lá por casa, com consolas, telemóveis, tablets e computadores. Já nos basta a barafunda dos dias quase sempre iguais.

O único problema, é que de repente os figurantes que temos em casa crescem e também querem ser actores. E se os deixarmos, também querem  ser realizadores e fazer os seus próprios filmes. E nós? Além da chatice de  termos a pagar  este "luxo" (para ver ou não, não é obrigatório), sempre pudemos continuar a ser meros espectadores, com ou sem pipocas...

Não sei se a prática do boxe é a solução, mas parece-me que precisamos de "levar umas peras na cabeça", para perceber que não foram os jovens que desenharam o mundo onde foram soltos. E mais importante ainda, descobrirmos, onde, e quando foi, que errámos...

A coisa mais fácil é culpar os jovens dos muitos excessos com que pintam os seus dias, esquecidos de que eles são as principais vítimas de sermos péssimos desenhadores da realidade...

(Fotografia de Luís Eme)

7 comentários:

  1. Um texto que todos deviam ler e reflectir...
    Um abraço, Luís.

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  2. Luís, se há culpados, que tenho dificuldade em usar essa expressão no contexto que referiste, não me parece que seja apenas de um lado. Mais e a não esquecer: o mal dos outros não pode servir de justificação para os nossos erros. Portanto, que cada um / parte assuma a sua responsabilidade e deixemo-nos de tretas ou de hipocrisias.

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    1. Não vejo onde estão as tretas e a hipocrisia, Isabel.

      É apenas uma constatação de um pai, que está longe de ser perfeito (isso que não existe...).

      O mundo em que vivemos é cada vez mais propenso a distracções. E mais não digo.

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    2. Luís, quis referir que nós - todos, jovens, menos jovens - temos de viver no mundo que encontramos e nas circunstância e contextos que existem, o que não significa que não devamos e possamos tentar alterar o que se encontra e que é injusto, incorrecto, etc. E acho que neste caminho não vale a pena, porque desgastante e jogo de pescadinha de rabo na boca, procurar culpados acerca do que designas de desenho do mundo. Nesta sequência, e agora vem a explicação de ter utilizado os termos "hipocrisia e tretas", à pala disso de vez em quando ouve-se o sacudir a água do capote com justificações deste tipo "ah, não fui eu que fiz isto assim, já encontrei este estado de coisas e continuo como estava". Quero dizer que o facto de ser sempre assim ou por se ter encontrado "as coisas" de determinado modo, não justifica que se reproduza o modelo se se considera incorrecto. Pode-se ir à luta e ser proactivo.
      A expressão não se aplicava a ti ou ao teu ponto de vista, mas sim a um eventual extremar de posição no que respeita a querer-se pôr nos outros a culpa sobre o estado de coisas, "só" porque se encontrou assim.

      Não tenho a certeza se expliquei o meu entendimento. Posso voltar caso não tenha sido clara.

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  3. Um texto a pedir séria reflexão. Eu não tenho dúvidas de que grande parte dos problemas que os jovens criam ou em que se vêm metidos, a culpa é nossa, enquanto pais, avós, e professores.
    Um abraço e uma boa semana

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    1. Também penso que sim, Elvira.

      Tantas vezes que o pai diz uma coisa e a mãe o seu contrário...

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