quinta-feira, janeiro 05, 2017

A Aproximação Forçada dos Extremos...

Sempre desconfiei da afirmação de que o suicídio era um acto de cobardia.

Porque uma coisa é pensar outra é fazer...

Da mesma forma que não consigo ver no divórcio um acto de coragem. Aliás, acho que nem sequer podem ser comparáveis como alguém me sugeriu em conversa, por serem ambos fugas a qualquer coisa que não correu bem, a vida ou o casamento. A vida não se pode reduzir a um simples casamento...

A única vantagem que esta conversa teve, foi fazer-me pensar que a cobardia e a coragem, às vezes têm uma relação de proximidade com sentimentos tão dispares como o amor e o ódio...

(Fotografia de Marcelo Montecino)

12 comentários:

  1. Nesses exemplos que dás julgo não assentar bem nem a cobardia nem a coragem. É que cada extremo está permeado pelo medo e não julgo que se aplique, embora se use amiúde. Também se ouve que o suicídio é um acto de coragem. Coragem?

    Luís, também não vejo como fugas. Sobretudo o divórcio. Quando me divorciei o que contou foi o sair / resolver uma situação que já não estava a correr bem. Sair, não fugir. Ou não resolver é que será a fuga à capacidade de decisão?

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    1. Eu não dei exemplos, Isabel.

      Falei de palavras...

      Em relação ao divórcio, nem sempre se trata de uma coisa bem resolvida (vê-se pelos assassinos de mulheres que andam por aí...). É uma fuga, porque é a única hipótese de escapar à "prisão".

      Cada caso é um caso. É por isso que o que para uns é coragem, para outros é cobardia...

      É um assunto com muitas mangas e muito pano...

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    2. Luís, sei que não deste exemplos.
      Falei de mim porque quis. Porque é uma situação que não escondo e sobre a qual falo naturalmente, inclusive sobre a questão do "resolver", que não oiço muito em relação a este assunto, até porque perdura um certo estigma.

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    3. Mas esse "resolver" às vezes é complicado, há uma parte que não aceita a separação, Isabel.

      Era bom que as separações ficassem bem resolvidas, mas...

      Estigma? Não sei. As relações para toda a vida também têm muitos ques.

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    4. Também aconteceu uma parte não aceitar. Não foi pacífico a esse nível de desgaste psicológico e também na parte de reorganização logística. A independência financeira é fundamental nestas circunstâncias.

      O estigma assenta mais nas mulheres e muito aos olhos de outras mulheres.
      Uma mulher divorciada, e sobretudo que seja independente e esteja entre o normal e o bonito, é vista como uma ameaça.
      Por outro lado, por diversas características, incluindo o facto de a mulher ser mais exigente, para ela é mais difícil voltar a entrar num relacionamento.
      Falo de generalidades, obviamente.

      Tens razão nisso que dizes das relações para toda a vida.
      Não estou a tomar partido por nenhum modelo.

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    5. Tens razão no estigma, Isabel.

      Não tinha visto as coisas por esse lado.

      Estou convencido que não há mais separações devido à dependência económica de uma das partes (normalmente a mulher).

      Não tenho dúvidas que a independência da mulher tem influência na diminuição da taxa de natalidade e no aumento dos divórcios.

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  2. Eu vejo e vi em muitos divórcios verdadeiros atos de coragem...

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    1. Claro que sim, especialmente quando existem filhos, Laura.

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  3. Luis

    interessante este texto, porque eu concordo com cada uma das tuas palavras.
    sempre me questionei se o suicida era um cobarde ou um corajoso.
    e se num divórcio há coragem ou cobardia.
    são sempre casos muito complicados, muito mesmo.
    gostei da tua analise.
    muito obrigada!
    beijo
    :)

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    1. Sim, Piedade, parece que para se ser "cobarde" é preciso coragem...

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  4. Penso que o suicídio é algo muito complexo que não tem nada a ver com coragem ou cobardia, mas sim com um descontrolo de sentimentos, com a desistência da vida.
    Uns desistem matando-se. Outros desistem vivendo.
    Um abraço

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    1. Muitas vezes até é uma questão sociocultural, Elvira.

      Em parte é isso que acontece no Alentejo. Como muita gente do Sul pensa que não tem qualquer Deus que os proteja, quando sente que já não está cá a fazer nada, vai embora...

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