sexta-feira, fevereiro 28, 2014

O Jogo da Vida


Saia de casa depois do almoço e com o seu andar vagaroso dirigia-se à sede da sua Colectividade.

Pedia um café e sentava-se junto a uma das mesas, acompanhado do tabuleiro e das peças de xadrez.

Ficava por ali, em silêncio, à espera do jogador que nunca chegava, porque aquela malta preferia as cartas e o dominó...

Às vezes imaginava a filha, antes de crescer e tornar-se mulher, à sua frente, a querer ganhar-lhe a partida.

Com os olhos a brilharem,  quase que sorria, abraçando o silêncio. 

O silêncio era um amigo e um adversário, para quem inventava um ou outro xeque-mate.

Olhava o relógio antes de arrumar o tabuleiro e ir embora. 

Já na rua, dizia para os seus botões, que a Primavera nunca mais chegava, para finalmente puder mudar de cidade...

O óleo é de Tony Luciani.

12 comentários:

  1. O Luís em boa forma.
    Um exercício sobre a solidão.

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  2. Há quem fique com o jogo da vida viciado demasiado cedo! :(

    ABRAÇO

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  3. Diz homem, diz criança, diz estrela.
    Repete as sílabas
    onde a luz é feliz e se demora.
    Volta a dizer: homem, mulher, criança.
    Onde a beleza é mais nova.
    Eugénio de Andrade


    beijo

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  4. Muito simples e muito real, amigo Luís. E muito triste. E triste já ando eu que chegue!!

    Boa interrupção de Carnaval.

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  5. sim, Carlos.

    coisa que não nos falta, solidão...

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  6. a vida também é assim, Luís.

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  7. olha a Margoh, com o Eugénio na bolsa.

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  8. este país está cada vez mais triste, Graça.

    a excepção serão uns tipos que se rebolam na relva que tem laranjas.

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  9. A solidão é a pior das doenças.
    Um abraço e bom fim de semana

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  10. é terrível e estamos num tempo de grande isolamento, Elvira...

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