Quando uma mulher nos diz, com alguma serenidade: «sinto que não tenho vida.»
Perante a nossa perplexidade, adianta que se limita a sobreviver como pode, e como lhe deixam, saindo de casa apenas para trabalhar ou para ir às compras.
Continua os seus desabafos, afirmando que há anos que não vai ao cinema, ao teatro ou a um baile, ela que em nova gostava tanto de dançar.
Digo-lhe que não é velha, pois tem pouco mais de cinquenta anos.
Finge que não me ouve e acrescenta que quando olha para dentro de si, descobre não ter nada de relevante para dizer.
Embora não seja uma mulher feia, demonstra não sentir qualquer interesse em se relacionar com alguém. Diz com um sorriso nos lábios que um homem foi suficiente para lhe dar cabo do juízo.
«Afinal tenho uma coisa na vida, paz...», deixando-me sem palavras.
O que mais me incomodou neste quadro, foi ver esta mulher, apesar de consciente do vazio dos seus dias, completamente rendida à sua vidinha, sem ter vontade para alterar o que quer que fosse...
O óleo é de Lortiwa.
não deve ser só ela a sentir-se assim.
ResponderEliminarmas, confesso, senti-me um pouco incomodada ao ler, pois também conheço uma "cena" parecida.
todos nós temos de saber dar a volta sobre as situações menos boas que a vida se encarrega de nos presentear.
boa semana.
Beijo
:)
pois, Piedade...
ResponderEliminarEssa é a vida de muitas, de quase todas as mulheres da classe média e média-baixa deste país! Paz?! Aquilo é paz?! É apenas desconsolo e marasmo! Somos uns/umas tristes!
ResponderEliminaré quase não vida, Graça. :(
ResponderEliminarTenho conhecido tanta mulher que se encaixa no retrato.
ResponderEliminarUm abraço e bom fim de semana
vidas, Elvira...
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