Embrulhei-me de tal forma numa conversa sobre o Poder e a Cultura, que quando dei por mim senti que estava a defender Francisco José Viegas e Gilberto Gil, afirmando que tiveram a coragem de aceitar as pastas da Cultura dos seus países, quando o mais fácil teria sido dizer não...
Os meus companheiros não concordaram nem um pouco e trouxeram para a mesa a vaidade que ambos devem ter sentido, um por ser ministro e outro secretário de estado, a claro, o pensamento de que poderiam deixar alguma marca, mudando algumas coisas que achavam mal e outras "porque sim".
O Miguel sorriu e afirmou que quando se escolhe o lado do poder, depois dos cinquenta, a santa ingenuidade já ficou bastante longe. Muito menos acreditou no seu "sentido de Estado", que é sobretudo um chavão discursivo.
O Rui acrescentou que o Viegas foi lá para se vingar da malta que sobrevivia à sombra do Estado, fingindo ignorar que acabar com a subsidio-dependência, é decretar o fim do teatro e do cinema, por exemplo. E se ele conseguiu beliscar muito mais que as canelas de vários actores, que faziam parte de companhias normalmente apoiadas pelo Estado, apesar de não ter aquecido a cadeira.
A Rita aproveitou a embalagem e disse que muitos actores, encenadores e realizadores já devem ter mudado de profissão ou então partiram para outras paragens, onde se respeita um pouco mais a Arte e a Criatividade. Se houve coisa que não suportou foi ver um "criador" a não respeitar os seus pares.
Nesta última parte lembrámos-nos do Gui, a quem fizemos um brinde, satisfeitos por saber que ele continua pelas terras de Vera Cruz, deslumbrado pela diversidade e pela qualidade do cinema brasileiro.
Penso que o pior de tudo isto, é termos deixado de acreditar (há já algum tempo) na possibilidade das pessoas honestas e bem intencionadas conseguirem chegar ao poder...
e eu penso que depois de ler-te, deve ter sido uma boa tertúlia...
ResponderEliminar:)
E este governo tem contribuído largamente para reforçarmos essa opinião!
ResponderEliminarAbraço
Gil conseguiu tirar o Ministério da Cultura da distância em que ele se encontra do dia-a-dia dos brasileiros...
ResponderEliminarabç
Nada corrompe tanto quanto o poder.
ResponderEliminarUm abraço
é sempre bom estar com e entre amigos, Pi. :)
ResponderEliminarpara variar, Rosa. :(
ResponderEliminarFrancisco José Viegas, nem por isso, Margoh.
ResponderEliminarnão quis aquecer o lugar.
pois não, Elvira.
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