terça-feira, outubro 16, 2012

Quando se Enchia a Barriga de Esmolas...


Há mais de vinte anos, quando ainda não tínhamos sido invadidos pelos romenos, nem havia tanta gente perdida pelos cantos das ruas, escrevi algo sobre os pedintes de Lisboa.

«Lisboa é Capital de tanta coisa, até de pedintes militantes. Na Baixa Lisboeta é rara a esquina que não tem alguém com a mão esticada ou com o boné no chão, quando as mãos estão ocupadas a dedilhar qualquer instrumento musical. Muitos exibem os defeitos de fabrico ou dos acidentes da vida, outros fazem o número do desgraçadinho e vão perdendo a vergonha, à medida que enchem a barriga de esmolas.»

Quando descobri estas palavras, percebi o quanto estavam desactualizadas.  Nestes tempos de crises, já nem aos ceguinhos que se passeiam pelas carruagens do metro, se dá esmola, quanto mais aos profissionais da Roménia, que alternam a pedinchice com a venda do "borda de água", e claro, com as  "ofertas" da gente distraída que se passeia pela Cidade...

O óleo é de David Dalla Venezia.

6 comentários:

  1. Essa dos defeitos de fabrico, tá muito boa! Registei.
    Abraço

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  2. passei na terça-feira,na igreja do Santíssimo Sacramento na
    Calçada do mesmo nome, estava um (romeno) em cada entrada, fiquei até meio tonta porque pareciam gémeos.
    não vi ninguém dar nada, mas o teatro deles era tão eloquente que até metia dó.
    mas, faz-me sempre pena.

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  3. claro, Pi.

    é gente que é capaz de gritar, barafustar e perseguir, para conseguir o que quer.

    distância.

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  4. Mas ainda há quem dê esmolas?
    Pelo andar da carruagem um dia destes somos todos pedintes.
    Um abraço

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