quinta-feira, abril 26, 2012

«Já foste quase feliz?»


Quando ela começava a falar da sua vida, nunca sabia onde começava a verdade e onde acabava a ficção. Talvez fosse isso que me deixava fascinado a ouvi-la, de cigarro no canto da boca, a fabricar nuvens cinzentas que aligeiravam o azul dos seus olhos.

No meio de tantas profissões, tantas cidades, tantos mundos, perguntei-lhe: «já foste quase feliz?» Ela respondeu-me com apenas um «sim». Percebeu que o meu silêncio pedia desenvolvimentos e foi então que me falou e encantou com a história da sua passagem pelo circo do tio, onde foi bailarina, trapezista, amazona, equilibrista e mulher-palhaço.

Sorri e disse-lhe que ela além de contar, também devia escrever as suas histórias...

Desculpou-se e disse que escrever nunca foi o seu forte, sempre deu muitos erros...

O óleo é de Jean-Claude Desplanques.

8 comentários:

  1. Existem em Portugal, especialmente entre os mais velhos, excelentes contadores de histórias, embora muitos não saibam escrever mais do que o seu nome.
    Um abraço

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  2. Querido Luís, miminho para ti lá no Irreversível!❤

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  3. Gostei deste post.
    Mas o título, esse, está fabuloso :-)
    Um beijo.

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  4. é verdade, e é por isso que expressam tão bem a sua oralidade, Elvira.

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  5. és uma querida, Margarida.

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  6. ainda bem que gostaste, Filoxera.

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  7. todos nós, ou quase todos, acho eu, já fomos, muito felizes, e por vezes nem sabemos, ou melhor nem sabíamos.

    hoje estou a divagar para além.muito além do texto.

    um beij

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  8. sim, há a vida também é feita de bons momentos, Piedade. :)

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