terça-feira, abril 17, 2012

Como Fugir da "Armadilha" de ser Romancista


Ontem tive uma conversa, mais longa e séria que o costume, sobre a escrita. Do outro lado estava um amigo, que também escreve e que tem cada vez mais dificuldade em fazer o que mais gosta, filmar o mundo...

Não sei se foi desculpa, mas disse-lhe que o meu casamento normal, com dois filhos, era uma das "chaves do meu insucesso literário", da minha fuga à "armadilha" de me tornar romancista (publiquei o meu único romance em 1995, há dezassete anos, embora tivesse sido escrito em 1993...). Ele sorriu com os meus argumentos, de que era necessário ter uma vida solitária e também desordenada, para conseguir escrever um romance, pelo menos de forma visceral, com as personagens a escaparem ao autor e a tornarem-se  donas da história.

Tudo isto porque literatura, para mim (e para ele...), não são os livros do José Rodrigues dos Santos e de outros operários das letras. Não entendo o labor da escrita, como um trabalho das nove às cinco.

Mesmo assim o Gui ficou na dúvida, se uma vida familiar equilibrada, poderia ser inimiga ou não da boa literatura. Focou como exemplo o caso Saramago.

Conversámos mais de duas horas e não chegámos a qualquer conclusão. Nem era esse o objectivo...

Escolhi este óleo de Jonh Meyer, porque a boa literatura não usa qualquer peça de roupa.

8 comentários:

  1. Bom tema.
    Acho que o Luís tem razão. Um escritor precisa de tempo, não estar preocupado com mais nada a não ser com a escrita e os seus personagens.
    Um abraço.

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  2. um dos teus melhores textos.

    acho que sem querer também estava nessa conversa, ou pelo menos gostei de ler os argumentos.

    e sem querer ser exagerada, eu gosto de pintar o mundo com palavras minhas.

    um beij

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  3. Lembrei que em tempos li que Gabriel Garcia Marquez levou 14 anos a escrever "Cem anos de solidão" A ser verdade não seria possível a um chefe de família, com as exigências de hoje dedicar-se assim ao romance.
    Um abraço e tudo de bom

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  4. é o que penso, é o que eu sinto na própria pele, Carlos.

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  5. quem não gosta, Piedade?

    :)

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  6. sobram mangas e falta pano, Laura. :)

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  7. cada livro e cada escritor é um caso, Elvira.

    mas o isolamento é fundamental para a escrita, estarmos entregues totalmente ao livro e às personagens, sem interrupções. em que a única que fazemos é abrir-lhes a porta ou a janela para entrarem. :)

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