terça-feira, novembro 16, 2010

«Não Tens Frio?»

Entrou na porta do prédio da dona Alda que morava na cave, na companhia do pai, que veio fazer as entregas. Enquanto esperava resolveu subir as escadas de madeira que tinham música. Adorava ouvir os degraus a ranger, era como se falassem uma daquelas línguas que ele não percebia, como a do homem negro que aparecia na mercearia dos pais, e que levava sempre a mesma coisa, uma garrafa de vinho tinto e um pão alentejano.


Quando chegou ao primeiro andar continuou a sua caminhada ao longo do corredor que fazia uma curva uns metros mais à frente.

Foi aí que se cruzou com uma mulher praticamente sem roupa, apenas vestia um robe que lhe tapava as costas. Nunca tinha visto uma mulher tão nua, foi por isso que ficou por ali uns segundos, com os seus olhos quase ao nível dos pelos escuros do "coração" daquele belo corpo feminino.

Ela manteve-se imóvel, com um cigarro nos dedos, olhando o pequeno com ternura. Ele antes de voltar para trás ainda lhe perguntou: «não tens frio?»
O óleo é de Pablo Santibanês Servat.

22 comentários:

  1. Esta estória lembra-me qualquer coisa...
    :))

    Beijinho, Luís.

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  2. que bueno...
    gracias por aparecer por mi orilla Luis a pesar de mis ausencias.
    un abrazo

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  3. Gostei muito e do óleo também. :)

    Beijos, Luis

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  4. muito sensual, luís, gostei. um beijo*

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  5. Gostei (da história e do quadro :)

    beijinho

    Gábi

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  6. Este é o tipo de historia que faz parte do imaginário de qualquer garoto/adolescente,e de certeza que o rapaz nunca se esqueceu dessa mulher despida.

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  7. Palavra enxutas e poéticas para um texto muito belo.

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  8. Um texto cheio de ternura e inocência. Gostei mesmo.
    Um beijo, Luís

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  9. gostei da tela e do texto escrito com ternura.

    um beij LM

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  10. Pequena história, bem escrita. Fez-me lembrar o ambiente de 'O leitor', o jovem em construção deslumbrado perante a mulher feita. A imagem ilustra bem a situação. Parabéns.

    (Luís, M. de umjeitomanso@blogspot.com )

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  11. talvez as minhas histórias, Maria...

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  12. uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa, Momo...

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  13. e eu gostei que gostasses, Cris.

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  14. sensual, Alice?

    (terei exagerado?)

    :))

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  15. claro que não, Anita, o corpo feminino nessa época não andava por aí ao vento, como nos nossos dias...

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  16. tentei colocar lá isso, Graça.

    e a descoberta do mundo...

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  17. tem a ternura de quem olha, lê e sente, Piedade...

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  18. todos nós temos imagens próximas, da descoberta, da tentação de entrarmos em portas "proibidas", M.

    (é M. ou G.?)

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  19. Por falta de organização minha, criei o Um Jeito Manso numa conta (M.) e o Ginjal e Lisboa numa outra (G.). Ando a ver se tenho paciência para ver como as junto numa única.

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