quinta-feira, setembro 23, 2010

Nós e os Outros

Nunca morri de amores pelas generalizações. Provavelmente por gostar de "nadar contra a corrente", e também por ter sido educado com valores da esquerda (dos quais não me envergonho nem um pouco...), desde cedo me habituei a olhar para um cigano, um negro, um homossexual, sem preconceitos.

Não os olho como iguais, porque todos nós somos diferentes. Defendo sim que devem ser tratados de forma igual pela sociedade, seja no capítulo dos direitos seja no dos deveres.

Mas é tão fácil apontar o dedo aos "diferentes", até os jornalistas caem nesse erro com facilidade...

Sim, é dado mais destaque a um crime praticado por um negro ou cigano, que por um branco.

Esta forma como protegemos aqueles que consideramos "os nossos" deve ter explicações ao nível da psicanálise, contribuindo para que a sociedade ainda se torne mais "vesga", do que já é.

Quando conseguirmos analisar a vida social, com todas as pessoas no mesmo patamar, gente de bem e gente de mal (foi a forma mais simplista que encontrei para separar o trigo do joio...), sem focarmos a cor de pele, o credo ou modelo de vida escolhido, deixaremos de apontar o dedo aos negros aos amarelos ou aos vermelhos. Todos nós devemos ser julgados apenas pelos crimes ou problemas que possamos causar, sem se entrar na acusação quase "tribal", como aconteceu em França.
E não vale a pena culpar a "crise", mesmo que ela traga atrás de si, o pior de nós...
O óleo é de Steven Kenny.

4 comentários:

  1. O politicamente correcto acarreta determinados problemas. Hoje em dia todo o cuidado é pouco. Há sempre quem “pegue” em qualquer comentário e lhe atribua características racistas, descriminatórias e por aí além. O que se passará realmente com este povo e os países de acolhimento? São esses países que afinal não os acolhem, não lhes facilitam a assimilação ou é este povo que não se quer assimilar, que prefere não contribuir para o país onde vive de forma positiva e responsável como a maioria dos cidadãos? Concordo que cada grupo étnico tenha o direito a manter e viver as suas tradições, a sua cultura e a sua língua, mas também sou de opinião que se deve integrar, contribuir e seguir as leis do país onde vive.

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  2. no teu comentário, Catarina, falas de tanta coisa importante, que me leva a tal frase, "cuidado com as generalizações", pois cada caso
    e um caso.

    é evidente que quem chega de novo tem de se adaptar ao país que o recebe, mas também não deve ser ostratizado, como acontece tantas vezes...

    deviam existir regras claras na sociedade em relação à emigração, o que nem sempre acontece...

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  3. Este é um assunto dificílimo...
    Somos, em grande parte, poços de contradições.
    Eu, por exemplo, amaldiçoo as contrafacções dos chineses (que têm arruinado tanta indústria por esse mundo fora) e depois vou alegremente comprar o carregador múltiplo de telemóveis a uma loja ali da esquina porque é ao preço da chuva...

    Entretanto, os ciganos romenos são outra conversa.
    Duas pessoas da minha família já foram vítimas de roubos (assalto implica violência, não é?) por parte de bandos de marginais romenos.
    Também não simpatizo nada com quem usa crianças para a mendicidade ou o roubo.
    Mas concordo contigo quando dizes que a imprensa dá outro relevo a um crime que tenha sido praticado - ALEGADAMENTE - por pessoas de outra raça ou nacionalidade.

    No fundo, tanto o racismo como a xenofobia são filhos ilegítimos dum instinto de defesa exacerbado...

    Beijinho, Luis.

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  4. sem dúvida, Ana.

    por isso é que existem leis que devem ser cumpridas.

    ainda por cima as minorias têm a tendência para a vitimização, o que dificulta mais as coisas...

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