domingo, maio 21, 2023

Cada vez mais em voga, o "Nós" e os "Outros"...


Mesmo percebendo que é normal, quando enfrentamos situações de aperto, recorrer a familiares e amigos, é perigoso (e pouco digno e honesto) fazer disso um modo de vida.

Infelizmente a política tem sido muito isso, em todos os partidos, e há mais de três décadas...

Estou a vontade para escrever sobre isso, porque sempre fiz parte do clube dos "outros".

Quando a CDU estava no poder em Almada, era olhado com alguma desconfiança, porque eles sabiam que eu "não era um deles". Curiosamente, agora com o PS no mesmo poder, acontece a mesma coisa, continuo a ser mais um dos muitos "outros". E sei que se vier o PSD ou outro partido qualquer, continuarei a não fazer parte da equipa dos "nós"...

Provavelmente o problema é meu, sou eu que gosto de ser um "desalinhado", ou então sou um "pássaro" demasiado livre para me deixar "engaiolar". Talvez seja um pouco das duas coisas.

Mas nós somos o que somos. Não vou culpar os alfaiates de fazerem casacos com dois direitos, óptimos para aquelas pessoas que já foram da CDU, agora são do PS e amanhã, se o PSD for poder, até são capazes de comprar um casaco cor de laranja (conheço mais de duas ou três).

Falando mais a sério, acho que um dos problemas maiores do nosso país é esta "clubite" aguda, que foi transportada dos clubes desportivos para os partidos, há décadas. É quase do género: és "nosso", tens tudo, és "contra nós", tens nada. 

O resultado desta triste realidade é gente com qualidade para ser ministro ou secretário de Estado, por estar a quilómetros dos "golpes palacianos" e desta incompetência generalizada, que sai das juventudes partidárias (para nos oferecer a sua mediocridade e a falta de sentido de Estado), nunca faz parte da lista dos "ministeriáveis".

Mas ouvir falar um Cavaco, um Marques Mendes, um Montenegro ou um Melo, sobre este mundo de "propaganda" e "mentiras", que está a cair em cima do Costa - que é igualzinho a eles -  sem conseguir ficar indignado, é não ter memória...

Foi com o cavaquismo que tudo, e toda a gente, passou a ter um preço. Foi com o cavaquismo que o dinheiro passou a ser a religião deste país.

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)


8 comentários:

  1. Pois foi, ele e os Catrogas deste mundo bem se orientaram. Ele vive numa casona, na Quinta da Coelha, enquanto a maioria dos portugueses sofreu a pagar prestações durante 30 anos ou mais!

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    1. Mas tem a lata de dizer que "não há ninguém mais sério do que ele", Tintinaite.

      E nem vale lembrar o dinheirito que ganhou com as ações do BPN, antes dele falir...

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  2. A memória é muito curta, meu Amigo Luís. Há pessoas que me recuso a ouvir...
    A clubite está a destruir tudo o que tínhamos de bom. O melhor é mesmo sermos livres...
    Uma boa semana.
    Um abraço.

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    1. Muito mesmo, Graça.

      E de longe a longe, há "múmias paralíticas" que dão à costa...

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  3. Só de olhar para a expressão de azedume da criatura fico enjoada!

    Abraço

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  4. Se bem me lembro... antes de Cavaco falava-se tanto ou mais em dinheiro.
    Havia, no entanto, aquela nota transcendental de não cuidar donde ele vinha, e se do bolso dos outros era muito revolucionário!

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    1. Eu não falo de falar-se ou não de dinheiro, José.

      Falo da mudança social no país que se dá com a entrada na Comunidade Europeia e com o aparecimento do "cavaquismo", da importância que se passou a dar ao dinheiro, que passou a ser quase o principal valor entre nós, desvalorizando-se, cada vez mais, a estética e a ética.

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