sábado, maio 01, 2021

Um Dia Diferente de Todos os Outros


O Primeiro de Maio é um dia diferente de todos os outros, pelo que representa na história do trabalho e dos trabalhadores, em praticamente todos os continentes.

É por isso que me chateia que os "patrões" não sejam capazes de respeitar o simbolismo deste dia, e teimem em lutar contra a história e contra um feriado, conquistado  com sangue suor e lágrimas, ao longo de mais de dois séculos.

O mais curioso, é que quem começou a quebrar toda esta carga simbólica no nosso país foi uma rede de supermercados, que até tem uma fundação que faz investigação sociológica e publica pequenos livrinhos sobre isto e aquilo. O tempo passa tão depressa, que é possível que isso tenha acontecido já há uma década (descobri que foi em 2012, em que ofereciam 50 euros a quem gastasse 100...).

E desde aí o "Pingo Doce" continua a sua luta (seguido pela concorrência, obviamente), oferecendo "doces", ano após ano, através de mensagens como a que recebi (tal como milhões de clientes, pois o seu "império" alargou-se ao leste europeu e à latina-américa...), que é de facto muito tentadora para quem vive com dificuldades. Desta vez ainda vão mais longe que no começo e prometem devolver os 100 euros de compras feitas, 20 imediatamente e o restante, 80 euros até ao fim do ano...

Infelizmente a maior parte das pessoas está a borrifar-se para simbolismos, quer é "poupar e ganhar", pelo que a luta contra quem tem como principal objectivo maximizar os seus lucros, está perdida.

Esta batalha só seria ganha se ninguém entrasse nas suas lojas, neste dia Primeiro de Maio. Algo que é impossível de acontecer na actualidade, em se que se tentam pintar os dias todos com a mesma cor...

Eu sei que não vou entrar em nenhuma loja, nem mesmo na mercearia de bairro. Mas como dia o poeta, "uma andorinha não faz a Primavera"...

(Fotografia de Luís Eme - Fonte da Pipa)


8 comentários:

  1. Sim este é que é o dia!
    Os amigos não o entendem bem: que o 25 de Abril sim, mas nada como o 1º de Maio.
    Já não lembra se alguma vez disse: «25 de Abril Sempre!»
    O Mário Viegas também não gostava da frase:
    «Para mim, o 25 de Abril acabou no dia 2 de Maio de 1974».
    Guarda, carinhosamente, os jornais de 25 de Abril a 3 de Maio.
    O «Diário de Lisboa» de 30 de Abril lembrava os seus leitores que as padarias e os depósitos de pão estavam encerrados e colocava em título:
    «COMPRE HOJE O PÃO DE AMANHû

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    1. Abril e Maio são demasiado valiosos para os esquecermos ou guardarmos na gaveta, Sammy.

      E Maio tem de ser recordado, ainda mais, neste tempo de "perda de direitos".

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  2. Olá Luís,
    Gostei muito do seu texto, desconhecia este facto relacionada com esta rede de supermercados e tudo o que daí se desencadeou! Sensibilizou-me, hoje fui ao supermercado comprar os mantimentos para o almoço de amanhã, domingo. Mas no ano que vem, vou deixar o comodismo de lado e precaver-me com o necessário no dia 30 de Abril!
    É certo que "uma andorinha não faz Primavera", mas Gandhi também recomendou " Sê tu a mudança que queres ver no mundo".

    Beijinho e bom fim de semana!

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    1. Se todos fizéssemos isso, todos os trabalhadores tinham direito ao seu feriado, Micaela...

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  3. Muita teoria, mas pouca prática tem esse tipo de gente. Mas é difícil mobilizar as pessoas para o que quer que seja...
    Uma boa semana com muita saúde, meu Amigo Luís.
    Um abraço.

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    1. Cada vez mais difícil, Graça.

      Há muita gente a viver com dificuldades...

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