sábado, maio 22, 2021

O Teatro dos "Impossíveis"...


Antes de vir aqui ao "Largo", estive a escrever mais algumas linhas de duas peças de teatro, a que vou acrescentando personagens e coisas do quotidiano, quando me aparece aquela coisa a que chamamos "inspiração".

Quando parei de escrever fiquei a pensar que tenho a ideia parva de que o "absurdo" cabe mais dentro do teatro que noutras histórias mundanas que escrevo. 

Sem ter uma explicação normalizada, penso que é uma coisa quase intuitiva, sinto que posso "estender mais a manta", andar mais perto da rua dos "impossíveis", como se só no teatro é que tudo fosse permitido...

(Fotografia de Luís Eme - Arealva)


6 comentários:

  1. Tinha qualquer coisa para dizer sobre este texto, mas não sabe bem o quê. Se soubesse diria que não consegue entender porque deixou de ir ao teatro, porque deixou de ler peças de teatro. Quando as pernas se deslocavam melhor, deu-lhe para ver quase todas as peças da «Cornucópia», da Casa da Comédia, do velho Teatro de Campolide, ao lado dos frangos da «Valenciana», da Barraca, da «Comuna» (ainda num barracão de lixos cedido nas instalações da Cervejaria Portugália), do Teatro Moderno de Lisboa, terças-feiras, às 6 da tarde, no Cinema Império, no «Vou-me até à Outra Banda no barquinho da carreira, faz que anda mas não anda, parece de brincadeira» (no bonito dizer de António Gedeão) e empoleirava-se em Almada a ver o que o amigo e camarada Bebite lhe oferecia, e foi aí que, pela primeira vez, viu Mário Viegas reinventar Mário-Henrique-Leiria-Gin-Tónico, uma noite quente de Junho refrescada com uns fininhos no «Farol».
    Um tempo em que ouviu dizer (quantos anos vão?) que a grande missão do Teatro é estar vivo, num tempo vivo, para homens vivos, focando problemas dos nossos dias, hoje não concorda tanto (ou nada!) com a frase, mas o comentário (?) já vai longo e ainda não tem explicação para a marginalização que fez ao Teatro.
    Gosta da frase «estender mais a manta, andar mais perto da rua dos "impossíveis", como se só no teatro é que tudo fosse permitido...».
    Por fim, lembrar que Luís Miguel Cintra, Jorge Silva Melo foram agora distinguidos com o grau «doutores honoris causa» pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e dizer que estariam bem acompanhados – se de tanto se lembrassem os doutores – por Joaquim Benite, também um grande homem do Teatro.

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    1. Acho que hoje escrevi um pouco sobre isso, Sammy.

      O nosso quotidiano, repleto de banalidades e futilidades (muito graças à televisão...), mata tudo o que exige algum esforço mental...

      Imagino como se sentem o Luís Miguel Cintra e o Jorge Silva Melo... já o Mário Viegas se sentia um "estranho", há mais de duas décadas...

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  2. Sem bases para comentar este post, deixo um abraço e votos de bom fim de semana

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  3. O Teatro é uma forma de arte que se baseia na vida, seja ela "quotidiana e tributável" ou totalmente absurda ( que também a há). "Meter" no Teatro situações absurdas do quotidiano e levá-las ao ponto de serem interpretadas como formas de arte é algo que não está ao alcance de toda a gente. Mas, por aquilo que tenho lido aqui no blog, penso que está ao seu alcance Luís! Vá em frente, use a sua experiência de observar os outros e mostre-nos esses mundos que tanto o atraem.
    Escritor de crónicas, já temos. E dos bons! 😊 Agora, avance para o Teatro. Quando tiver alguma peça pronta, avise. Gostava muito de a ler.

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    1. Gosto muito de teatro e de escrever diálogos, Maria.

      E claro, de "absurdos". :)

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