Quem diria, que um artigo de jornal quase antigo, nos iria levar de viagem, dentro da nossa infância...
Falaste da feira popular, do "comboio-fantasma", da "casa dos espelhos", que nos transfigurava. Em relação ao comboio, quando "viajei" nele, já devia ser quase adolescente, pois não senti medo nem me assustei com as "aparições" (ligeiramente manhosas...) de esqueletos e de outros adereços.
Falaste-me de uma mulher cheia de pelos. Eu nunca vi nenhuma "mulher-barbuda" ou um "homem-elefante", nas feiras que percorri de mão dada com os meus pais ou em correrias, com o meu irmão.
As únicas excentricidades humanas que me lembro de ver foram o homem mais alto do mundo, que estava acompanhado por uma trupe de anões (um deles diziam ser o mais pequeno do mundo). Ao contrário dos "pequenotes", demasiado "eléctricos", o gigante mexia-se com dificuldade, como se estivesse preso com arames. Era negro, de Moçambique (não me apeteceu ir à procura do seu nome na "nova enciclopédia"...) tinha uns sapatos que pareciam dois caiaques, achatados, e uns braços caídos, que quase lhe chegavam aos joelhos. Recordo-me que não era nada assustador. Até tinha cara de boa pessoa...
(Fotografia de Luís Eme - Corroios)
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