quinta-feira, abril 04, 2019

«Que se lixe o turismo, venha a chuva!»


Ontem começaste a falar de um cheiro que se sentia nas redondezas. Andámos mais uns metros pela rua e o cheiro manteve-se. Não é nada de muito anormal, se nos lembrarmos dos cãozinhos que espalham o seu chichi pelos passeios ou das pessoas que deitam o lixo para o chão, mesmo que os contentores estejam vazios...

No regresso a casa consegui convencer-te a fazermos o caminho mais longo.

Acabámos por passar pelo Ginjal e reparámos que as esplanadas estavam vazias, numa fuga ao vento desagradável e às nuvens que se limitavam a ameaçar chuva.

Foi quando desabafaste: «Que se lixe o turismo, venha a chuva!» Até lembraste um samba que falava de chuva durante dez dias sem parar. Podia ser chato para nós, mas era bom para os rios e os campos (e ruas, claro...).

Hoje o panorama é um pouco diferente. Aqui perto de casa, já se sente o cheiro a terra molhada... Embora a água caia com alguma timidez...

(Fotografia de Luís Eme - Ginjal)

10 comentários:

  1. Não há corrimão ao fundo desse espaço? Parece -me um lugar pouco ou nada seguro. Estranho.
    Outra coisa que estranho bastante é as pessoas ainda continuarem a deitar o lixo para o chão. Nem posso acreditar!!

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    1. Ó Catarina, não pode acreditar? Basta ver a animalidade com que se conduz nas nossas estradas para ver a irracionalidade que por aí impera.
      O exemplo de quem e como são os portugueses(as) vejo-os(as) pelo modo como conduzem e como se comportam ao volante!!!

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    2. Steve, como não vejo essa animalidade no dia a dia não associei os dois comportamentos perigosos. Os portugueses sabem como cumprir as leis quando se encontram noutros países.... por que motivo não o fazem em Portugal?! É caso para "estudar" o caso. :))

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    3. Olá Catarina.

      Em relação à tua questão da ausência de corrimão (que não existe mesmo...), já escrevi por aqui que a mesa mais próxima do rio foi eleita por um turista turco como a "melhor mesa de restaurante do mundo".

      Claro que é um exagero, embora goste muito do Ginjal, conheço mesas com melhor vista mesmo no concelho de Almada...

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    4. Isso é um perigo, Luís! E como pode ser autorizada essa situação?!
      Acho que um americano não teria a mesma reação do turco. :))

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    5. Mas ninguém se preocupa, Catarina, e há marcações com meses de antecipação para "essa mesa" (a publicidade, mesmo enganosa, faz coisas...).

      Claro que não é um lugar perigoso, porque é extremamente calmo. Convida à reflexão, a respirar com gosto aquele cheiro do rio, quase mar...

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  2. Luís, venha ela, que faz falta. (Mas não apetece nada ;))

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  3. sammy, o pauete05/04/19, 13:19

    Belíssima fotografia.
    Saibamos receber a chuva como algo que nos traz fartura.
    Lembremos a alegria do hortelão a ver a chuva cair sobre os vegetais da horta, face à seca que os noticiários dizem que anda por aí.
    Como vivo num velho bairro de Lisboa, passo pelo café e não deixo de lembrar aquele poema quotidiano de António Reis, esquecido poeta e cineasta:


    «Chega a ter gosto
    a chuva
    vista dos cafés

    caindo sobre as estátuas
    e a nostalgia

    chega a ser morna

    com fumo e álcool
    na garganta

    Até os homens passarem
    junto aos vidros

    reais
    molhados

    sem emoções instruídas

    pensando em remédios
    a prestações

    grisalhos
    sem serem velhos

    e falando sós
    sem serem loucos»

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    1. Grato pelas palavras e pelo poema, Sammy. :)

      E sim, a chuva também pode ser fartura.

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