Estava vento, quase desagradável, e tu tiveste a lata de falar destes "tempos mornos que vivemos", em que as máquinas roubam-nos cada vez mais espaço, até para se pensar na vidinha.
Falei-te do António, que me disse ontem que há mais de ano que anda sem telemóvel (desde que o que usava se avariou...). Sorriu ao dizer que cada vez gosta mais de se sentir um "et", quando pega num livro e começa a ler.
Respondeste com um sorriso. Depois disseste que o António finge que é "maluquinho da silva" e que gosta de fazer de conta que não tem família.
Luxos de quem ainda pode ser "vagabundo", acrescentei eu.
Fomos interrompidos pela tua filha, que te piscou o olho dentro da "máquina controladora", precisava de jantar mais cedo e queria que não chegasses muito tarde a casa...
Com razão, disseste que este era o tipo de telefonema que só se faziam para as mães.
E depois despedimo-nos com um abraço e cada um foi para a sua rua.
(Fotografia de Luís Eme - Cova da Piedade)
Fragmentos de vida.
ResponderEliminarAbraço
Sem dúvida, Elvira. :)
EliminarOs meus filhos fizeram a faculdade só com o telefone fixo e raramente telefonavam, eu é que lá ia tentando saber deles mas às vezes sem grande resultado!
ResponderEliminarAgora se ligo ao rapaz e ele não atende logo fico num enorme desassossego!
O que vale é que agora é ele que telefona todos os dias, para dar notícias e saber notícias mas sempre de forma telegráfica.
Este meu rapaz nunca foi de grandes conversas, já os filhos ninguém os cala! :)
Abraço
A vida é assim mesmo, Rosa.
EliminarNem todos olhamos para as coisas da mesma forma. :)