Quando ele me disse, «o gajo que vem aí, é daqueles que tem a mania que sabe mais do o que sabe», mal me deu tempo para me virar... o fulano já estava a um metro de nós.
Depois, pelo andar da conversa, percebi o que o João me quis dizer.
O "metediço" falava de coisas que tinham acontecido, não apenas como se lá estivesse, mas também, como se conhecesse todas as pessoas que lá estavam. Achei aquele espectáculo, uma imitação manhosa do "teatro do absurdo". Ele iniciava as conversas, depois mudava de assunto, voltava a falar de outra coisa, e depois outra, e outra e outra, quase sem parar.
Há muito tempo que não assistia a uma conversa tão estranha. Claro que o meu amigo era o principal culpado, porque nunca dizia o que o outro queria ouvir, nunca lhe dava corda. E ele ia mudando de disco...
Quando o fulano nos deixou, demos uma gargalhada quase grande.
Coitado, saiu mais pobre do que quando começou a conversa. Que grande desperdício de palavras...
(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)
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