quinta-feira, abril 21, 2016

Há Algo Mais Importante que Ser de Direita ou de Esquerda

Sempre li, escutei e ouvi coisas que me pareciam completamente distorcidas da realidade, e em muitos casos até erradas. Provavelmente influenciado por toda a carga ideológica com que somos moldados (em casa, na escola, com os amigos...) e que acaba por ser decisiva na nossa forma de pensar e olhar o mundo que nos cerca.

Falo de se ser de esquerda ou de direita, essa bipolaridade que é capaz de provocar discussões quase ao nível do futebol, dos duelos entre o Benfica e o Sporting.

Tenho alguns amigos que não sabem nem querem saber o que é isso de se ser de direita ou de esquerda, que segundo eles, é das coisas mais parvas que existem na nossa sociedade. Mas depois não votam... e são capazes de dizer, com uma grande lata: «votar para quê?»

Eu continuo a ser de esquerda, a ter orgulho nas minhas raízes (de sangue vermelho...) e a pensar que este é o melhor caminho para a existência de uma sociedade mais justa para todos. Provavelmente vou ser sempre assim, e sei que a culpa é mais dos meus pais que de Marx.  E agradeço-lhes muito por isso.

Não estava a pensar escrever tanto sobre mim, mas foi o que saiu... tudo porque há mais qualquer coisa que a ideologia nestas maneiras de se "olhar o mundo". O meu objectivo era debruçar-me sobre as palavras de dois dos cronistas mais antigos da nossa imprensa, Pacheco Pereira e Vasco Pulido Valente, que sempre tiveram um comportamento completamente diferente na sociedade, mesmo pertencendo a áreas políticas próximas (já foram ambos deputados do PSD...). Sempre considerei o Pacheco Pereira um homem intelectualmente honesto. Mesmo quando não concordo com ele, percebo os seus pontos de vista, sei que há ali uma ideia para o país... ao contrário de Pulido Valente, que é apenas um provocador, capaz de escapar da verdade para reforçar as suas ideias estapafúrdias ou apenas dizer mal de alguém que detesta, por despeito, inveja e cinismo (embora se finja estrangeirado, tem os piores defeitos atribuídos aos portugueses...).

Utilizei como exemplo estes dois políticos  porque embora sejam da mesma área ideológica, são completamente diferentes. Há uma coisa simples que os separa e faz toda a diferença: a honestidade. Ou seja, mais importante que a ideologia, é a nossa qualidade humana. Porque não basta escrever ou falar com e em liberdade. Importante (e cada vez mais raro...) é procurarmos a verdade, sem estarmos "reféns" de partidos ou de outros interesses particulares. E infelizmente isso é o que se vê mais por aí...

(Fotografia de Luís Eme)

4 comentários:

  1. ~~~
    Concordo, a verticalidade é primordial,
    qualquer que seja o agente político.

    Torna-se imprescindível que os eleitores
    saibam avaliar elementos do seu partido.
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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    1. Isso é que é mais difícil, Majo, porque os partidos às vezes parecem clubes de futebol e a cegueira clubística é terrível...

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  2. Já li algumas crónicas do Pacheco Pereira e Gostei. Não muitas. Tenho lido mais do Ricardo Araújo Pereira, e do Lobo Antunes.
    Do Pulido Valente, nunca li nada.
    Abraço

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    1. É um senhor com maus fígados, maus azeites e sei lá que mais, Elvira. :)

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