terça-feira, setembro 25, 2012

Dar ou Vender - Eis a Questão


Sei que é complicado falar sobre o preço de um quadro ou de livro, porque há coisas que fazemos e não lhe conseguimos atribuir um valor.

Dar ou vender o que criamos, pode ter um pouco a ver com a forma como pensamos e vivemos. É muito mais fácil a alguém, que não é materialista e não vive em função do dinheiro, dar um livro ou um quadro, que a qualquer amante de tostões e das coisas que se podem comprar com notas e moedas. 

Mas não é só por isso que alguns artistas e escritores não oferecem algumas suas obras. Tenho um amigo escritor, daqueles conhecidos, com editora e tudo, que não oferece livros a ninguém, nem mesmo ao pai e à mãe. Já tivemos várias conversas sobre o assunto e ele diz que quando oferecemos um livro, a possibilidade de ele ser lido é muito menor, que se alguém tiver de o comprar numa livraria. Já argumentei que algumas pessoas só compram livros para decorar as estantes da sala, mas não o convenço. Eu, pelo contrário, cada vez me sinto mais convencido. Com a experiência que tenho de "dar livros", sei que há pessoas à quem dou livros, que nunca leram as suas páginas, se excluir o frontispício, onde normalmente assino os autógrafos (desperta sempre a curiosidade...).

É por isso que não dar livros ou quadros, é também  uma forma de valorizarmos a nossa obra. 

O óleo é de John Tarahteeff.

9 comentários:

  1. Um assunto com pano para mangas... contudo, penso que nada deve ser gratuito pois normalmente não será muito valorizado; lutar por ter algo de que gostamos é como o "antes" das viagens. E digo isto e estou farta de dar coisas que faço... Incongruência? Não, há pessoas a quem não conseguiria não dar.
    Um abraço

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  2. havia um pintor (não me recordo o nome) que dizia que vender um quadro não era das melhores coisas para ele, mas se roubassem aí sim, aí sentia que tinha valor que a sua obra já tinha assumido um preço que já nem podiam pagar.

    talvez o teu amigo escritor tenha a sua razão.

    beij

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  3. Assunto complicado. Ora bem eu não sou artista, mas gosto de borrar umas telas, brincar com o estanho e outras coisas mais. Faço-o porque gosto, mas nunca aprendi com ninguém. Já vendi algumas coisas, (poucas). A grande maioria ofereço às pessoas de quem gosto. Livros nunca publiquei nenhum, não conheço a sensação. Nunca comprei um livro para enfeitar a estante. Mas sim tenho livros em casa de que li muito pouco. Ou porque não gosto do que leio, ou pior ainda porque não compreendo. Por outro lado há autores que eu li todas as suas obras ou pelo menos todas as que conhecia. E se gosto não importa se me oferecem ou se compro.
    Gosto e pronto.
    Um abraço

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  4. tem mesmo pano para mangas, Helena.

    também gosto de dar livros, para quem sei que gosta e vai ler...

    mas ao dar estamos a desvalorizar o nosso trabalho.

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  5. gostei da tua história, Pi.

    tem razão sim.

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  6. é, Elvira.

    com mais que duas leituras.

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  7. Que excelente perspectiva!
    Concordo consigo e com o seu amigo escritor. O acto de compra (seja lá do que for) predispõe que a pessoa irá certamente fazer uso do objecto comprado.

    :-)

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