domingo, junho 06, 2010

A Realidade das Coisas...

Li duas entrevistas na sexta-feira, que me fizeram pensar bastante, a de Inês Pedrosa, da revista "Ler" e a de Maria do Rosário Pedreira, do suplemento, "Ipsilon".

Pensar e não só. Questionei-me bastante como "escrevinhador", ao ponto de pensar que poderia muito bem deixar de andar a brincar às estórias, mesmo sabendo que escrever faz parte do meu dia a dia, e é algo tão natural como fazer outras coisas simples que preenchem o meu quotidiano.
Mas a vida é mesmo isso. Um labirinto estranho com 1000 caminhos e 999 portas fechadas...
Sei que poderia fazer mais por mim (trabalhar e lutar muito mais...), mas também sei que sem "golpes de asa" e "amigos" nos lugares certos, nunca acertarei na tal porta certa, uma em mil...
Não será por isso que deixarei de escrever e de ler, mas sinto que as minhas próprias ambições vão encurtando com o tempo.
Apesar da seriedade da Inês e da Rosário, sei que o mundo literário não vai mudar para melhor(tal como a sociedade), porque os dados continuam viciados. Estou farto de saber que este mundo é demasiado desigual e que muitas vezes mais importante que ter talento, é estar à hora certa, no sitio certo, com a companhia certa.

10 comentários:

  1. As letras em Portugal está assim tão mal? Quase toda a gente escreve e é editada!
    Claro que para ser reconhecido é necessário ir ao beija-mão e frequentar certas tertúlias.

    Um abraço!

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  2. Por aqui vou passando, mas é primeira vez que deixo comentário.

    Estou de acordo totalmente com o que diz.

    Primeiramente muita ingenuidade da minha parte, ignorava verdadeiramente o poder deste devir oculto, quanto baste.

    Os desgastes das ilusões pagam-se caro quando amargamente se conhece a existência deste modo de elevação por meio desta ciência rigorosa mas obscura, profusa e profundamente arreigada na sociedade. Prolifera em todos quadrantes políticos, culturais, económicos, religiosos e outros mais lugares sem conta.

    Como de uma religião se tratasse procria como uma crença no meio de um povo quase inteiro, na maior parte das vezes por ele aplaudido. Claro estão a fazer pela vida, a desenrascarem-se... bem visto.

    Por isso perdi quase a minha ingenuidade inicial, e já não acredito naqueles que estão cheios de bondade, sempre com palmadinhas nas costas, animando o esforço hercúleo, inglório e irracional, que só beneficia alguns; nem aqueles exemplos e mentores de tudo saberem. O facto é que nem dum lado nem doutro nada de diferente parece ter acontecido. Vão mudando de indumentária mas permanece tudo na mesma. Aliás com o propósito claro de esta receita assim vingar a proveito de alguns só podia ter este continuado desfecho.
    Para mim é de facto uma ciência verdadeira e exacta mesmo que obscura mas arrisco acreditar que muito tipicamente portuguesa.

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  3. bom, não preciso acrescentar mais nada.:)
    o meu antecessor fez o favor de explanar, com muita mestria e precisão, o que penso.

    não li a Ler e não quero falar do que não conheço, mas há muita gente com talento neste país que não conseguirá editar, e autênticas aberrações a entupir as estantes das livrarias e até parece que se rerereeeeeeeditam...
    vá lá entender!!!

    deixa para lá, Luís.
    escrever é um exercício de equilíbrio que nos mantêm mais lúcidos.

    beijos

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  4. E assim... anda a cultura no nosso país..."quem tem unhas toca guitarra"... quem tem padrinhos...tem o baptismo.
    Gostei de visitar o seu blog Luis.
    Abraço

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  5. não é bem assim, Carlos.

    muitos livros são pagos pelo bolso dos autores, mesmo em editoras...

    o reconhecimento tem mais que se lhe diga, mais vale cair em graça que ser engraçado...

    ou ter um nome sonante ou uma carinha laroca que aparece na televisão...

    às vezes parece que o talento é o que menos importa.

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  6. é muito isso, Canto Turdus, pareced tudo "faz de conta", e começa logo com os nossos governantes...

    o resto são reflexos...

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  7. não precisas de ler as entrevistas, Maré, porque a minha reacção não foi tanto pelas palavras que li, mas sim pela reflecção que fiz do "mundo literário".

    claro que não será por isso que deixo de escrever. escrevo porque gosto, ponto final.

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  8. é mesmo, a importância dos "padrinhos" nas pias de baptismo que nos cercam, é cada vez maior, Tecas...

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  9. eu gosto de pensar que nós podemos inverter as coisas, que seremos nós a mudar o actual estado das mesmas, mas sem acreditar muito, para depois não me desiludir... um beijinho, luís.

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  10. eu também gosto de pensar assim, Alice.

    mas noto que as coisas vão pirando, que as pessoas cada vez têm menos vergonha e já nem se dão ao trabalho de esconder os "jogos" que fazem...

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