Com o tempo fui percebendo que os melhores livros não são os mais bem escritos, mas sim os que me fazem pensar e até escrever.
Tudo isto para dizer que "Crónica de uma Travessia" (que vou a meio da leitura...), de Luís Cardoso, autor timorense - livro que faz parte da excelente colecção de "autores lusófonos" da revista "Visão" e que custa apenas um euro -, está a ser uma bela surpresa.
O Luís leva-me também de viagem, para esse país longínquo, que descobri no final dos anos sessenta, princípios de setenta, quando o meu vizinho Henrique foi destacado para a então nossa Ilha do Oriente como militar. Éramos próximos porque o irmão era um dos nossos melhores amigos de infância e a mãe deles a melhor amiga da minha mãe.
Eu devia ter uns oito anos, quando senti a verdadeira distância entre Timor e o Continente, pois a mãe do Henrique adoeceu com gravidade (faleceu pouco tempo depois...) e ele não pôde vir visitá-la, dar-lhe um último abraço...
A "Crónica de uma Travessia" fez-me pensar na pátria que somos, povoada de gente que foi e continua a ser obrigada a partir (neste tempo de crise, estamos a voltar a este nosso fado...), não tanto por sentir que o futuro mora do outro lado, mas sim por sentirem que neste país não há futuro...
Mais uma vez cumpre-se um ciclo...
ResponderEliminarBeijinho, Luís M.
parabêns á visão que nos faz chegar grandes maravilhas de leitura. pena que nem sempre acompanhem o número de revistas e se nos atrasamos umas horas que seja, lá se vai o livro...
ResponderEliminarfizeste-me lembrar a odisseia de um tio que foi a salto para França, para fugir à tropa em finais de 60 e quando vinha cá nos trazia os discos do Raúl Solnado e muitas outras coisas que nem sabíamos que por aqui se faziam.
tal como nesse tempo parece que estamos nas costas do mundo, apesar de estarmos "tão dentro" do que se chamou futuro: a Europa!
___
beijos Luís
sim, um ciclo, M. Maria Maio.
ResponderEliminarsim, e que parece passado, Maré...
ResponderEliminar