domingo, maio 16, 2010

A Escola a Nu

A história da professora de Mirandela passou-me um bocado ao lado. Quando li as primeiras versões, pensei de imediato na realidade do nosso país, que ainda deve ser mais complicada atrás dos montes...

Sei que continuamos muito agarrados às "virtudes públicas e aos vícios privados", graças a várias doutrinas, que não se resumem aos credos religiosos. Foi por isso que nem estranhei que o autarca lá do sitio tentasse "esconder" a jovem professora dos olhares curiosos, e lhe prometesse logo a não renovação do contrato, como prémio pela ousadia de colocar a Mirandela no mapa. Coisa que a moça deve detestar, caso contrário, não tinha posado para a "Playboy" (esta história deve ter vindo mesmo a calhar, para subirem as vendas da revista...).
Como costuma acontecer nestes episódios "novelescos", as últimas versões oficiais lá do burgo trasmontano, contradizem as inicias e dizem-nos que as medidas tomadas apenas pretenderam proteger a jovem, dos olhares e das provocações. E que até pode não ser despedida (pode mesmo ou vocês são uns brincalhões?). Provavelmente, são as mais convenientes nesta altura da polémica.
Sei que estou longe de ser um moralista de pacotilha, mas mesmo assim acho que a atitude da professora é bastante discutível, porque é difícil separar a educadora da modelo de fotografias eróticas. Eu por exemplo, não ia achar muita piada que uma das professoras dos meus filhos posasse nua para uma das revistas que se afirmam como masculinas. Preconceito? Não sei, acho que não. Nem tão pouco quero cair na abominável tese das "virtudes públicas e dos vícios privados", mas penso que um professor é um educador, e como tal, não deve ridicularizar a profissão nem a escola.

15 comentários:

  1. Até que enfim que leio uma opinião masculina que corresponde à minha!
    E não tem nada a ver com falsos moralismos, hipócrisia, nem de tendências retrogradíssimas nem nada que o valha. Docência e Playboy pura e simplesmente não combina.

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  2. a questão pode ir um bocadinho mais além.
    neste país, de não tão brandos costumes, até que ponto a senhora não perdeu um bocadinho da sua autoridade enquanto educadora. a minha afirmação não tem nada de preconceituoso também, mas sabemos que a revista vai ser vista pelos seus alunos a partir do momento que o assunto é tema de conversa geral.
    acredito que será muito difícil conseguir separar as águas e isso vai refletir-se nas aulas.

    ___

    beijos

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  3. Concordo consigo, Maré. Se essa senhora regressar às aulas, não vai perder um bocadinho da sua autoridade, vai perder um bocadão. Tenho lido os comentários que por aí andam pelos blogues. Focam na falsa moralidade, nos preconceitos, etc, etc mas não se concentram no aspecto docente-código de conduta; mesmo que esta seja fora da área escolar vai ter impacto no local de trabalho. A minha leitura de hoje acerca deste assunto tem sido uma fonte de aprendizagem, acredite!

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  4. será que um professor é menos bom porque expõe o corpo numa capa de revista? esta situação fez-me pensar em tudo o que as pessoas fazem às escondidas. há pessoas de várias áreas profissionais que se drogam, que traficam drogas, que roubam, que comentem crimes ou pequenos delitos, na mais perfeita omissão dos seus actos, das quais jamais desconfiaríamos, e que têm as suas carreiras respeitáveis e as suas vidas secretas ocultadas, mas esta mulher está literalmente a ser condenada pelo que não escondeu à sociedade... não creio que um corpo despido numa revista faça diferença nenhuma às competências de uma professora e considero ilegal, imoral e perverso que seja censurada, suspensa e veja a sua vida devassada por causa de uma fotografia artística. grave para os alunos são os jogos violentos de computador, as páginas e sites de pornografia na internet, a violência nas escolas, e a falta de apoio em casa. como pode uma foto ter esta importância? sinceramente, choca-me... desculpa! beijinhos.

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  5. Alice,estou a concordar contigo,pois com salarios que este país esta a pagar os professores esta pequena na minha opinião nem deveria voltar mesmo a dar aula.Bjinhos Luana

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  6. penso como tu, Catarina.

    não combinam mesmo.

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  7. quando trabalhamos com crianças e jovens, as responsabilidades são sempre diferentes, Maré.

    por outro lado vai ser dificil a esta jovem libertar-se do estigma da professora da "playboy".

    claro que há a possibilidade de ela gostar...

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  8. é, Catarina, vai ser muito mais dificil a esta professora concentrar os alunos na matéria...

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  9. não sei se será menos boa professora, Alice.

    o problema é que a partir do momento que se despe, deixa de ser avaliado como professora, por toda a gente; alunos, colegas, funcionários e encarregados de educação. é avaliada como a "boa" que se despiu na "playboy".

    não precisas de pedir desculpa. cada um de nós deve pensar pela sua cabeça. respeito a tua opinião e gostava que fosse assim, que não fossemos preconceituosos, mas somos, uns mais que outros...

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  10. Luana, não podemos discutir este assunto olhando para os salários.

    se todas as pessoas que ganham o ordenado minimo de despissem por aí, as cidades viravam "santuários de naturismo"...

    e um professor é um educador, pelo que deve ter uma postura diferente do cidadão comum (digo eu...).

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  11. querido luís, gosto de ti, sabes. o senhor manoel de oliveira nem sonha que eu existo e não há nenhuma história com ele ou sobre ele... trata-se de uma dedicatória minha, com o desejo de que ele chegue aos 102 anos... é só isso! beijinho muito grande*

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  12. há que saber separar o trigo do joio. como professora que sou nunca iria posar nua numa revista dessas sabendo à partida que qualquer aluno meu seja de que idade for poderia ter acesso a ela e imediatamente em plena actividade lectiva expor_me em demasia na aplicação teórica ou prática da matéria pensar que o dito cujo me olhava de maneira diferente e por conseguinte sentir_me toda nuínha em plena sala frente a uma assembleia de mirones que tudo faziam menos conseguir concentrar-se na audição das minhas infrutíferas tentativas de explicação e ou levantamento de dúvidas. há lugar para tudo. para se continuar vestidinha bem arranjadinha mesmo de top e mini saia salto alto e fina maquilhagem até mostrar_se sem qualquer tipo de vergonha toda a intimidade que nos corre no corpo e nas veias. esta última parte teria razão de ser num espaço e num tempo diferente. faz parte de nós do ser humano apesar de continuar a ser tabu há que saber aplicar a nossa intimidade de outra maneira que não esta.

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  13. eu também penso que sim, Ivone.

    os alunos iriam estar sempre com a cabeça noutra "matéria"...

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  14. tenho quase 60 anos e até vi a tal "palyboy", curiosidade no tema e porque a dita professora já se cruzou comigo nalguns sítios aqui mais a sul...
    acabei de ler o que a ivone aqui deixa e faço delas as minhas palavras
    beijinhos

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