quarta-feira, março 30, 2016

Os Lugares, as Pessoas e a Indiferença

Nem sempre pensei assim, mas agora também me começo a aproximar daqueles que olham para a indiferença como o pior dos sentimentos que se podem ter sobre qualquer coisa ou lugar.

Quando nos tornamos indiferentes ao que nos rodeia, não só caminhamos de braços caídos como viramos as costas, com a maior das facilidades, aos problemas que acontecem.  Com uma boa dose de egoísmo, dizemos, ainda que de uma forma velada, que eles "pertencem" aos outros...

Este estado de alma pode ser transposto para o Mundo, para a Europa, para Portugal, para a nossa Cidade ou ainda para a nossa Rua.

Mas esta indiferença ainda tem outros "ques", confunde-se muitas vezes com outra coisa: o estar à espera que os outros resolvam os nossos problemas...

E nós portugueses somos tanto isso. É provável que nos outros países aconteça o mesmo, mas penso que não. Por aqui vejo demasiada gente à procura de um "D. Sebastião" ou de um "Farol" que caia do céu e venha iluminar as suas vidas... 

Eu continuo a pensar que viver é outra coisa...

(Fotografia de Luís Eme)

16 comentários:

  1. Pois é, Luís, viver é outra coisa.

    Mas ainda há outros "ques".
    Por uma questão de sanidade mental, quase de sobrevivência a esse nível, por vezes é necessário jogar na indiferença.
    Um exemplo: quando há problemas no trabalho, que até têm a ver com injustiças e depois de fazer tentativas para alterar a situação, se chega à conclusão que não está ao nosso alcance mudar, não vale a pena sofrer com isso. Jogar na indiferença pode ser um bom antídoto.

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    1. Há sempre uma série de "ques" Isabel.

      Mas tem tudo a ver com o nosso feitio, há quem não consiga passar a lado desses casos de injustiça... e até se prejudique.

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    2. Luís, então é assim: ali a pessoa dos outros 'ques' sou eu.
      Não o tinha dito por pensar que se subentendia e também porque gosto de reserva, embora tenha consciência que por vezes não transmito essa forma de estar.
      E falei precisamente naquela questão da sanidade mental e da sobrevivência porque não sou indiferente a situações de injustiça, já me cheguei à frente sem que o assunto me tocasse directamente e já fui muito prejudicada sem que ocorresse mudança. Há coisas que não podemos mudar, mesmo que lutemos por elas até ao limite das nossas forças e isto muito devido à escassez de solidariedade. E quando se tem a percepção deste limite, a indiferença pode ser a única arma que resta para evitar que espezinhem mais, a nós e aos outros.
      Ou seja, no limite, a indiferença pode ser uma arma.

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    3. Eu sei, Isabel.

      Há situações em que somos mesmo obrigados a passar ao lado, até porque muitos daqueles com quem somos solidários, fazem exactamente o contrário quando os problemas lhes passam ao lado...

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  2. Viver realmente é outra coisa, há dois temas no teu post: a indiferença e a "nossa" forma de ser. Quanto à indiferença por vezes surge devido a situações de desgaste. Penso que de uma forma ou de outra todos acabamos por passar. Se é o certo, desistir face às constantes adversidades, não sei, mas pelo menos é uma forma de protecção. O "nós" sermos assim, deixarmos tudo na mão de terceiros e ficarmos à espera que tudo por milagre se resolva (e isto, por cá, se aplica em tudo)parece-me bem mais preocupante. Ninguém nos vai resolver os nossos "problemas" e protelar só agrava. Era preciso como em quase tudo na nossa sociedade uma mudança de mentalidade.

    Beijinhos Luís

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    1. Pois é, Glória.

      Talvez nos tenha faltado uma guerra, sangue, perdas, dor, raiva, etc, para nos mudar por dentro, como alguns antropólogos dizem...

      Sei apenas que gostava que fossemos diferentes.

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  3. Também eu, Luís! Um dos nossos maiores defeitos: a indiferença, a inércia, o deixa-andar, o «isso é lá com eles»... Um povo indigente, uma pena!

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    1. É isso mesmo, Graça.

      Talvez nos falte alguma dor e sofrimento (fortes) dentro de nós, para reagirmos...

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    2. Sem dúvida que um dos maiores e mais tristes defeitos (e que mais mexe comigo) são a indiferença, a inércia, o deixa-andar, o «isso é lá com eles»...mas, infelizmente, às vezes, quase que sou obrigado a concordar com o realizador de cinema João Botelho que, num dos últimos números da revista Visão, diz, numa excelente entrevista: "Ganhar uma discussão não vale a pena"

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    3. Sim, Severino, sabe a pouco...

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  4. De regresso estou agora pondo a leitura em dia.
    Penso que tem razão. Estamos sempre à espera de que alguém resolva os nossos problemas.
    Um abraço

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    1. Pois estamos, Elvira.

      Somos um país óptimo para ditadores.

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  5. Com país, concordo que somos um pouco indiferentes, sem energia, mas as mudanças maiores têm que ser feitas pelos políticos, que é para isso que os elegemos. Cabe-lhes a eles reagir, mudar, melhorar (mas estão demasiado ocupados a olhar para si próprios).
    Pessoalmente, e com a idade, tornei-me mais indiferente a muita coisa. Não posso mudar o mundo...

    Continuação de boa semana:)

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    1. Mas os políticos são pessoas como nós, Isabel, que o poder acaba por transformar em gente pior que nós. :)

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    2. Mas não devia, o problema é esse! Têm obrigações cívicas e morais. Devem zelar pelo bem de todos e é inaceitável que o não façam.
      Somos todos pessoas, mas alguns têm cargos mais visíveis e devem ser um exemplo. Não há desculpas! Ninguém os obrigou a ser políticos e além disso são muitíssimo bem pagos para fazer o seu trabalho, portanto têm obrigação de o fazer bem!

      Enfim, já aceitamos tudo ( e eu incluo-me nisso, pois que se pode fazer? ...)

      Bom dia:)

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    3. Concordo em tudo, Isabel.

      Mas esta gente que chega a ministro ou presidente de câmara, não entende isso (mais por esperteza). Em vez de servir, servem-se...

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