domingo, março 20, 2016

Mudar (ou não) de um Dia para o Outro...


Há pessoas que conseguem mudar de vida de um dia para o outro, quase sem deixar rasto. Não vivem agarradas aos lugares, mudam de casa e de cidade com relativa facilidade.

Hoje isso acontece mais que ontem, porque a instabilidade tomou conta de muitas vidas, especialmente dos jovens. O emprego voltou quase aos tempos da "jorna diária", nos campos e nas fábricas. O arrendamento de casas também voltou em força (até por ser mais difícil conseguir um empréstimo)...

Eu sei que não sou de mudar. Muito menos de deixar tudo para trás num ápice. Este tudo não engloba apenas pessoas, também lá estão os objectos que fui "coleccionando" ao longo da vida.

Talvez isso aconteça por não ter nascido nem vivido num tempo e num espaço de instabilidades. Enquanto vivi com os meus pais só mudámos uma vez de casa. Eu também vivo há vinte e oito anos no mesmo apartamento, que vim estrear...  

Claro que pode sempre acontecer uma catástrofe, natural ou não, que nos obrigue a seguir um novo rumo, sem querermos. Basta olharmos para o Médio Oriente, para todos aqueles que são obrigados a fugir da "morte anunciada"...

(Fotografia de Luís Eme - uma encenação que fiz para a minha exposição de fotografia, "Cravos da Liberdade" de 2014, o modelo é o meu filho...)

8 comentários:

  1. Luís, há pessoas - muitas? não tenho uma referência numérica - que 'conseguem' mudar a vida de um dia para o outro sem deixar rasto, porque também existem catástrofes pessoais muitas vezes não conhecidas por questões de segurança e de preservação da vida privada.
    Há alterações que só são escolhas aos olhos dos outros. Há desapegos que não são opções, podem ter que ver com sobrevivência também a nível emocional.

    O rapaz leva jeito. :)

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    1. Mas eu não quis "cavar" tão fundo na vida das pessoas, Isabel.

      Quis ficar-me por um quotidiano mais normalizado, pelas pessoas que vão mudando de casa, com rendas mais baixas...

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    2. Luís, entendi isso.
      Mas achei que o teu post proporcionava a oportunidade para falar de outro lado, que, por razões óbvias é pouco conhecido, mas muitas vezes leva a interpretações precipitadas de insensibilidade, desapego. Não sendo confortável, não faz mal nenhum que de vez em quando pensemos nisto.

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    3. Claro que sim, Isabel. Por todas as razões e mais algumas.

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  2. Também sou muito apegada às "minhas coisas". Não me refiro aos bens materiais, mas a tudo o que me liga a um passado de afectos e boas memórias.
    Inclusivé, a quase tudo o que repousa no meu sótão mágico, que só o é, porque é lá que estão, religiosamente guardados, os livros infantis e brinquedos dos meus filhos - que já seguiram o seu rumo na vida - e as minhas relíquias literárias já lidas e relidas.

    Ah, pudéssemos nós encenar a vida como se encenam outras 'cenas', lindamente conseguidas!...:)

    Um abraço, Luís!

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    1. é curioso, que eu também penso que não sou apegado a bens materiais, mas às pequenas coisas que vão fazendo parte do mapa da minha vida, Janita.

      (mas desconfio que isso também é materialismo, mas de "tostão furado"...)

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  3. há dias em que gostava de conseguir mudar :)

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