terça-feira, abril 06, 2010

O João Pastor

A Páscoa tem sido sinónimo de mini-feiras no interior, numa pequena aldeia da Beira Baixa, onde é possível quebrar rotinas e aliviar o "popularucho stress".

Mesmo que me deite tarde, sou o sempre o primeiro a acordar. Depois de comer qualquer coisa, lá vou eu, em busca de nada, na companhia da bicharada que voa e canta, pelos campos, desta vez mais verdes e floridos, graças à boa da chuva.
Num destes passeios matinais também fui surpreendido pelas movimentações rápidas de um rebanho, que mudava de lugar de pastagem, sem ter tempo sequer para saborear a folhagem. Tudo graças à acção de um pequeno cão, ladino, que passou perto de mim e fingiu que não me viu, ali parado, a assistir ao espectáculo como se estivesse num "camarote".
Ao longe estava um rapaz, que de vez em quanto assobiava, para que o cão se acalmasse e deixasse o rebanho saborear a pastagem.
Aproximei-me e passei rente ao jovem que estava prestes a entrar na adolescência, dei-lhe um bom dia e recebi um nada de resposta. O único que respondeu foi um velho cão, pastor serra da estrela, que me avisou para desaparecer dali, como se estivesse a mais.
Lá segui o meu caminho, sem mudar de velocidade e sem parar de olhar para o rebanho...
Aquele encontro fez com que me lembrasse do meu pai, porque a sua primeira profissão foi pastor. Tantas vezes que em vez de ir à escola, tinha de ir guardar cabras e ovelhas, descalço, pelos montes e vales que circundavam a sua aldeia...

14 comentários:

  1. O fio condutor das nossas memórias. Um abraço.

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  2. Depois de ler este texto, senti saudades de viver no campo onde nunca vivi. Gostaria de, neste momento, poder sentar-me à sombra de uma árvore, ou mesmo em cima de um valado, e observar as actividades que estivessem a decorrer na altura: rebanho a pastar, vindimas (a que nunca assisti), observar as andorinhas... O campo não me é estranho mas gostaria de conviver com “ele” com mais frequência e por períodos mais longos! Estarei a aproximar-me a grande velocidade do estado “sopas e descanso”? : )

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  3. a vida do campo, outros tempos, talvez, ainda tão presentes!
    as diferenças e as indiferenças, as desconfianças e as credibilidades...
    beijinhos

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  4. A memória que se descreve quando algo nos faz regressar a ela. A vida é dura no campo...
    Um abraço, Luís.

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  5. passo para deixar um beijo com cheiro a verde campo

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  6. Memórias vivas...

    Bjs Luís M.

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  7. Caramba! e o que há para apreciar nessas belíssimas aldeias da Beira Baixa...são férias de luxo, sem dúvida.
    Monsanto, Idanha, etc, etc, etc... é um nunca acabar de verde a perder de vista e de memórias que devem ser preservadas enquanto património colectivo.
    Aproveita bem Luís. Estes dias de sol acrescentam-lhes um rumor especial.


    beijos

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  8. pois é, Catarina, eu também quando era pequenote não achava muita piada às férias passadas no campo, na casa dos meus avós maternos...

    felizmente ainda fui a tempo de me redimir e hoje viveria com muito prazer, em muitas aldeias deste país...

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  9. sim, Gaivota, mas o campo é campo e a cidade, cidade...

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  10. é dura mas tem coisas deliciosas, Graça...

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  11. um cheiro sempre agradável, Gabriela...

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  12. vivas, porque a paisagem as vai avivando, M. Maria Maio...

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  13. já passou, Maré...

    mas há coisas que ainda permanecem, quando abro a janela...

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