terça-feira, agosto 22, 2017

«O que é que move esta gente, mais destemperada que destemida?»


Por alguma razão, são praticamente os únicos que têm escapado ao "mar" de críticas e aos dedos que apontam para todas as direcções.

Podem cometer erros, aqui e ali, mas passam o tempo a correr de um lado para o outro, praticamente sem descanso, e mal alimentados, porque o "dever" empurra-os para a corrida contra os mil e um "infernos" deste Verão, que parecem prometer não deixar nenhum matagal de pé...

É por isso que são muitos os que perguntam: «O que é que move esta gente, mais destemperada que destemida?»

Não acredito que sejam as medalhas de fim de época... Muito menos as histórias vividas, para contarem aos filhos e netos.

Acho que eles acreditam mesmo que é possível derrotar o mal, que é possível fazer do dia de amanhã, um dia melhor que hoje...

(Fotografia de Luís Eme)

4 comentários:

  1. Algum dia, dalgum modo como (quase) todas as crianças e jovens da minha idade, também eu sonhei ser bombeiro, porque precisamente acreditava ser possível "derrotar o mal" ou mais comummente "fazer o bem sem olhar a quem" e sem mais recompensas que não fosse mesmo "fazer o bem sem olhar a quem" _ uma espécie de ideal meio onírico, meio real.

    Por diversos motivos e razões não cheguei (ainda) a ser Bombeiro. E sem desvirtuar de todo quem foi, é, chegar ou continuar a ser Bombeiro, por mim mesmo falando, no contexto actual creio ser pouco motivante ser Bombeiro, não pelo ideal e/ou pela função em si, mas sim porque há demasiadas regras e contra-regras, demasiadas hierarquias e contra-hierarquias, etc., etc., que não raro elas sim desvirtuam o ideal e a função de Bombeiro _ conheço mesmo alguns casos que após décadas de dedicação à causa, abandonaram o "barco" desiludidos não com o ideal ou com a função, mas sim com muito do que e de quem a rodeia e em alguns casos se lhes impõe, nem sempre nem por vezes de todo da melhor maneira, pelos melhores motivos e/ou com os melhores resultados!...

    Se for o caso, pelo perdão pelo desabafo, mas por concreto exemplo, no relativo ao incêndios florestais estou profunda e crescentemente desiludido, e não é de agora nem de há pouco, é de há décadas, irónica e paradoxalmente com cada vez mais qualitativa e quantitativamente crescentes motivos de desilusão. De entre o que, curiosamente ou não, ao menos em parte quem ainda se vai salvando minimamente pela positiva no combate aos incêndios são mesmo os Bombeiros. Talvez porque como acha o caro Luís Eme e/ou como sonhei eu: os bombeiros apesar de tudo continuem a acreditar que é "possível derrotar o mal" e/ou "fazer, incondicionalmente, o bem sem olhar a quem".

    Cumprimentos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, Vitor, tem de haver ali muito sonho e até "utopia", na luta pela vitória sobre tantos "demónios"...

      Eliminar
  2. São incansáveis, os bombeiros. Eu tenho um enorme respeito por tudo aquilo que eles representam, neste país tão dado às tragédias...
    Um abraço, Luís.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São de facto incansáveis, Graça.

      Mereciam mais carinho e apoio...

      Eliminar