quinta-feira, junho 22, 2017

Publicidade Obscena

Quando vi esta página de publicidade (paga) no maior jornal português ("Expresso"), pensei logo em guardá-la. Achei-a tão pertinente como polémica, por ser notoriamente mais um produto da "pós-verdade".

Compreendo que a Celpa (Associação da Indústria Papeleira) faça o seu papel e defenda os interesses dos seus associados. Já não compreendo que ninguém questione o conteúdo da publicidade, até por ser "enganosa", para não lhe chamar outra coisa. Muito menos que eles se assumam como "a economia portuguesa"...

Nem vou sequer abordar o facto da indústria da celulose ser o sector que retira mais dividendos dos incêndios (a par dos vendedores de equipamentos para bombeiros e das empresas que alugam helicópteros e aviões...). Vou sim questionar: como é possível um país pequeno e sem grandes recursos, gastar todos os anos milhões de euros no combate aos incêndios (muitas vezes mais do que gastaria em prevenção...), com a complacência de todos os partidos com assento parlamentar e até da Europa.

É por isso que espero que o que aconteceu às 64 vítimas do maior incêndio de que se tem memória no nosso país, signifique finalmente um ponto de viragem na política seguida pelos nossos governos, quer no ordenamento do território, quer num melhor aproveitamento dos solos agrícolas e florestais de Norte a Sul.

5 comentários:

  1. Oxalá Luís. Mas não levo muita fé. Mortos em fogos há todos os anos, embora em menor quantidade. Lembra dos 25 militares que morreram cercados pelo fogo, há anos? E quantas pessoas já morreram depois disso? Normalmente assim que o Verão acaba, os políticos deixam de se lembrar dos fogos, até começarem de novo no ano seguinte.
    Um abraço

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    1. Mas desta vez foi-se mais longe, Elvira.

      Algo tem de mudar, forçosamente...

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  2. Parabéns pela objectividade, sem melindres nem rebuços, Luís.

    Não pretendendo abordar a raiz de muitos assuntos, acabou por focar, pela rama, os mais pertinentes. Gostei.


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    1. Os grandes obstáculos da prevenção e das reformas necessárias, Janita, são os muitos negócios instalados...

      Esta publicidade diz tudo.

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  3. Um texto contraditório. Detecta bem a obscenidade da propaganda, mas opera o mesmo erro que critica ao meter "todos" os partidos no mesmo saco, quando pelo menos três (quatro se metermos o actual PAN)há anos que defendem outro tipo de ordem florestal com propostas sucessivamente chumbadas na Assembleia.

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