segunda-feira, junho 06, 2016

Os Amigos e os Outros...


Ninguém precisa de amigos imparciais, por mais honestos que sejam. Aliás honestidade não é sinónimo de imparcialidade em nenhum dicionário.

Nem nós conseguimos ser imparciais, quando é um verdadeiro amigo que está em causa. Quando se é mesmo amigo, o valor da amizade ultrapassa outros, que aparentemente parecem mais importantes. Parecem mas não são. Pelo menos naquela hora.

Só quem não tem verdadeiros amigos, daqueles capazes de "ir à guerra" por nossa causa, é que não percebe isto que acabo de escrever.

Talvez tenha sido vítima de proteccionismo excessivo de alguns amigos mais velhos, na infância e na adolescência, que me ajudaram a crescer e a perceber que ser amigo é uma coisa para todas as horas.

E depois ainda tive a "pancada" de me oferecer voluntário para uma tropa especial, onde o espírito de corpo era uma coisa daquelas, que surgem em filmes de aventuras do género dos mosqueteiros, todos por um e um por todos. O mais engraçado é sentirmos naquela doidice dos vinte anos que as coisas funcionavam mesmo assim.

Tudo isto parece romantismo. Uma coisa antiga. Ou até coisa dos filmes. Até porque o serviço militar obrigatório acabou (pois é, nunca mais foi preciso aos jovens perceberem que sem os outros não valem nada...), como tantas outras coisas na nossa sociedade, que parece que assustavam alguns "meninos jotinhas" que hoje são governantes e deputados desta espécie de país.

Deve ser por isso que eu gosto tanto de ter amigos antigos...

(Fotografia de Roger Schaal)

8 comentários:

  1. Para imparciais já bastam os inimigos, certo?
    Ah, espera, esses são tão tendenciosos quanto os amigos, só que em mau. :)

    ResponderEliminar
  2. Luís, ao ler o teu post, o que já fiz três vezes (é obra!), lembrei-me do que há tempos escrevi sobre o que esperava dos amigos e reparei que até comentaste.

    Recordo que tenho pouquíssimos amigos, aquelas pessoas com quem podemos contar e que são parciais como dizes e eu concordo.
    Agora acrescento um dado que julgo não ter dito na altura e que faz sentido para a interpretação: não tenho amigos antigos; não tenho amigos da infância e da adolescência. As amizades mais antigas que tenho têm vinte e picos anos.
    Se é bom? Se é mau?
    Não vale a pena chorar sobre o leite derramado. É assim.
    Só por si, a idade da amizade não faz dela melhor ou pior. Há diversas variáveis.
    Sei que há alterações da vida, como as mudanças de lugar, os casais que se separam, as coisas complicadas que vêm ter connosco e que são uma chatice...que criam afastamento. E isto até se leva mais ou menos... Pior é quando os afastamentos resultam da não aceitação de novos rumos da vida pessoal que se entende tomar.

    Como passei por muito disto, e não há a questão de a quem pertence a culpa, se é que existe, talvez seja natural deter-me mais na análise das amizades recentes, feitas numa idade madura.
    Não são fáceis de se fazer porque muitas vezes há a parte interesseira a turvar. Mas quando se consegue são muito proveitosas. Naturalmente a idade 'impõe' um grande respeito pelo espaço e tempo do outro, sem cobranças e há um filtro de tolerância muito interessante.
    Se é como procurar uma agulha no palheiro? Sem dúvida. Mas quando acontece é muito bom e julgo haver um grande investimento para segurar algo que, de algum modo, preencha o que se esboroou.

    Ter amigos antigos não é acessível a todos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mas este antigo, não se refere só à antiguidade da amizade, mas também às pessoas mais velhas, que foram educadas num "mundo diferente", em que o outro contava, Isabel...

      Eliminar
  3. Tenho amigos antigos. Meia dúzia deles. Entretanto perdi pelo caminho alguns que em determinada época da minha vida foram grandes amigos, e hoje não sei se estão vivos, se vivem em Portugal ou se emigraram.desencontros da vida. E pelo menos duas eu lembro praticamente todos os dias. Tenho amigos recentes, e alguns virtuais, (hoje já não o são) que considero grandes amigos. Pois se uma pessoa que não nos conhece, faz uma viagem de mais de 300 Kms para estar connosco na hora em que perdemos o pai, é decerto um/a amigo/a. Ou se outra pessoa que não se conhece, sabe qual é o teu maior sonho e se dispõe a realizá-lo, sem te pedir nada em troca, é de certeza um/a amigo/a. Eu tenho a sorte de ter amigos assim.
    Um abraço

    ResponderEliminar
  4. ~~~
    É assim, mesmo, a verdadeira Amizade,

    no entanto, não acho que a antiguidade a valorize.

    Há súbitas e profundas empatias, que valem tanto como as antigas.

    Talvez gostasse de visitar o meu espaço...

    ~~ http://avivenciaravida.blogspot.pt/ ~~

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A palavra antigo, tem mais a ver com valores antigos, Majo, que com idades. :)

      Eliminar