O Mar quando resolve falar mais alto, deve ser escutado com respeito e até admiração.
Sinto que ele quando está mais violento, quer sobretudo espaço, sentir-se completamente livre...
Muitos de nós fingimos que ainda não o compreendemos, outras vezes não o levamos a sério e não lhe damos o tal espaço que ele quer. E ele fica furioso, quase indomável, e não nos perdoa não respeitarmos a sua vontade. Grande parte das vezes só escapamos da sua brutalidade por "milagre".
Há mais de uma década fiz uma reportagem sobre pescadores e percebi que nem todos pensam e sentem o mesmo pelo Mar.
Uma das pessoas que nunca esqueci, foi um homem que me contou a sua derradeira viagem pelo Mar dentro, quando pensou que ia mesmo ficar por lá, pois nunca apanhara ondas tão grandes nem nunca se sentira tão pequenino. Mas o mais estranho foi não ter sentido medo, ficou tão fascinado com aquela grandeza que encarou o destino com naturalidade, a possibilidade de ser engolido por uma daquelas ondas e ficar por lá, quase que lhe pareceu o canto de uma sereia.
Felizmente foi uma coisa de minutos. Só quando chegou a terra é que conseguiu ver o que acontecera. O facto de não ter tido medo assustou-o de tal forma, que nunca mais conseguiu voltar ao Mar, ao contrário dos restantes companheiros da barca, que nos momentos de aflição deveriam continuar a rezar à Nossa Senhora e agarrarem-se a tudo que lhes parecesse sólido.
Ficou com a sensação que foi o único que conseguiu olhar todo aquele alvoroço, olhos nos olhos. E foi por isso que não voltou...
O óleo é de Derek Harrison.
o mar é fascinante, mas merece respeito.
ResponderEliminarBeijo
:)
sempre, Piedade.
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