quinta-feira, outubro 07, 2010

Uma Rameira Diferente (III)

«Quando o avô me falou do livro de Hemingway, que foi bem adaptado ao cinema e deu um bonito filme sobre a Guerra Civil Espanhola, com Ingrid Bergman e Gary Cooper, perguntei-lhe, porquê aquele livro.

O avô respondeu-me simplesmente porque era e é um bom livro. E tinha toda a razão. Só não imaginava o que vinha atrás do livro...

O livro e outras histórias sobre o país vizinho, que foram aparecendo nas conversas, fizeram com que a senhora lhe fizesse um convite aliciante e perigoso: fazerem uma viagem a Espanha, os dois.

Apanhado de surpresa, o avô disse logo que não podia. Mas ela era lá mulher para desistir e disse para ele ir pensando no assunto.

O que é certo é que dois meses depois ele ficou convencido e lá foram de comboio até Madrid, de braço dado.

Quando quis saber qual fora a desculpa que arranjara, sorriu, acrescentando que nesse tempo era fácil inventar desculpas, num mundo ainda moldado à imagem do homem.
Embora nem fosse um adepto fervoroso de futebol e do Benfica, aproveitou a euforia da primeira metade dos anos sessenta, provocada pelo Eusébio, para fingir que ia acompanhar o clube da Luz à capital espanhola...


O óleo é de Maria José Aguillar.

8 comentários:

  1. é muito bom de ler, luís. um grande beijinho*

    ResponderEliminar
  2. Olé, olé, não era só nesse tempo que se arranjavam belos "alibis".

    Men will be men...

    Se ainda não viste, está a passar na RTP2 uma série muito boa chamada "Mad Men".
    Não ganho comissão pela publicidade...

    Beijinho

    Sempre há um genezinho maroto dos nossos avós que acabamos por herdar, hehehe...

    ResponderEliminar
  3. Hum...muito bem.

    Beijinho, Luís M.

    ResponderEliminar
  4. eu diria é muito simples de ler, Alice...

    talvez continue...

    ResponderEliminar
  5. já vi e gostei ao principio, mas agora acho aquilo sempre igual, Ana.

    e quem sai aos seus não degenera...

    (mas este avô é completamente fictício)

    ResponderEliminar
  6. ainda bem que gostaste, M. Maria Maio, apesar da simplicidade...

    ResponderEliminar