Pensava que a homossexualidade já era encarada com normalidade na nossa sociedade, não estava à espera de assistir a um diálogo, quase a roçar o ordinário, entre a dona do café e um cliente, que estava a meu lado.
A conversa teve inicio assim que um um rapaz deixou o balcão do café, com a discrição possível. O fulano virou-se logo para a mulher que me tinha acabado de servir o café e disse: «viu esta coisa? O mundo está mesmo perdido!» Recebeu como resposta feminina: «e ainda não viu o outro, esse até pinta as unhas dos pés.» Ele foi ainda mais longe: «esta gente devia ser proibida de andar na rua e frequentar lugares públicos.» A mulher resolveu meter mais gente na conversa: «mas não são só eles que entram aqui, há duas jeitosas que passam aqui de manhã, que também não enganam ninguém.»
«Ah, mas elas são diferentes. Agora estas aberrações...»
De repente apeteceu-me meter na conversa, perguntar quais eram as diferenças entre um homem e uma mulher "gay", ao sujeito tão entendido em homossexualidade. Lá me contive, paguei o café e sai em silêncio, enquanto eles continuavam com o "disco".
Pensava que já não havia disto, que esta etapa já estava ultrapassada. Puro engano. Só espero que o janota, vestido com roupas de marca, não tenha nenhum filho ou neto, "bicha"...
O óleo é de Francis O' Leary.
Este raio deste preconceito levará anos a extinguir-se. Anos, Luís...
ResponderEliminarQue mentalidades tristes...
Beijinho
Ah mas, tanto quanto sei, os homens acham uma certa piada a pornografia lésbica. Daí... já não lhes parece tão mal...
ResponderEliminarAs mentalidades não se mudam com leis (embora haja quem ache o contrário) e a roupa de marca também não dá esperteza a quem a usa...
Esse tipo de comentários visa quem sai dos parâmetros entendidos como "normais". Podia ser um casal de raças diferentes, podia ser uma senhora de meia idade com um rapaz novo, podia ser alguém com paralisia cerebral, um albino, um anão, sei lá...
O pensamento é livre, já a boca, se houvesse educação, devia ter-se mantido fechada.
Digo eu que cada vez me sinto mais desconsolada com a grosseria vigente.
Beijinho, Luis.
pois eu penso que o que aqui relatas é o retrato fiel do que se passa na maioria da cabeça das pessoas :( é a realidade, luís... um beijinho*
ResponderEliminaró meu amigo luís então ñ sabe que apesar de alguma evolução de mentalidade vivemos ainda num país mt conservador cheio de tabus a roçar o pindérico bastante caricato de mt prá frentex mas sempre com um pé atrás????
ResponderEliminarñ vale a pena meter_se na conversa beba o seu cafezinho descansadinho vá até ao pé do mar cheirar as ondas e deixe_os a matraquilhar pq é gente que ñ tem mais nada para fazer
e gostei do óleo do francis
pois leva, mas pensei que as pessoas estavam mais comedidas a dizer disparates em público, Maria.
ResponderEliminareu sei, Ana.
ResponderEliminarmas a questão estética não pode ser "confundida" com a realidade...
e o pior é dizerem estas coisas em lugares, onde podem ouvir do que não gostam.
ainda por cima o rapaz nem sequer se meneava nem tinha tiques femininos visiveis. devia era ser um velho conhecido da "dupla"...
eu sei, Alice.
ResponderEliminaruma coisa é o que se passa na cabeça das pessoas, outra coisa é fazer publicidade à "estupidez natural".
o que me chateou, Ivone, foi ver que o rapaz apesar de toda a discrição, conseguiu fazer cocegas ao fulano.
ResponderEliminarse tivesse uma atitude provocatória até podia aceitar comentários, agora assim, é mesmo de má lingua, de quem deve ter tantosd telhados de vidro...
Espero que esta geração que estamos a criar seja aquela que aceita, sem preconceitos, as diferenças das pessoas. Por vezes, penso que os comentários que os homens mais velhos fazem é mais um querer confirmar, um não deixar ponta para dúvida, da sua masculinidade! Nunca ouvi, que me recorde, os jovens com quem convivo – os meus filhos e os amigos dos meus filhos, sobrinhos, etc. – aludir às diferenças entre as pessoas. Nem comentam tão pouco. Não é assunto de conversa para eles.
ResponderEliminare desconfio que as pessoas que fazem comentários mais "homofóbicos", são as que não estão muito certas da sua sexualidade, Catarina...
ResponderEliminara própria história diz-nos isso.
Estamos para além do apedrejamento público, mas ainda aquém da "mentalidade holandesa".
ResponderEliminarEu diria que Portugal, no que aos preconceitos diz respeito, está no bom caminho, embora siga a uma velocidade francamente baixa.
Temos de deixar passar mais uma ou duas gerações. Sempre assim foi.
acho que sim, Madrigal.
ResponderEliminara passagem da teoria á prática é sempre mais demorada...