quarta-feira, abril 15, 2009

Recuar no Tempo

Aproveitei a Páscoa para passar uns dias na Beira Baixa, onde reparei num pormenor que me tem passado despercebido. Senti-me de regresso a um país antigo, que ainda alimenta a existência de dois universos distintos, o masculino e o feminino, como nos anos, cinquenta sessenta e setenta.

Nunca tinha reparado com tanta nitidez que os cafés são para os homens e a casa e a igreja para as mulheres.
Por ter bebido café em terras diferentes (Alcafozes, Medelim, Penha Garcia), onde o único ponto comum era estar rodeado apenas de homens, de várias idades, que faziam um barulho ensurdecedor (até neste aspecto as mulheres fazem falta, cortam o pio a tantos homens...).
O mais curioso é que algumas mulheres da cidade, quando regressam ao interior beirão, parecem sentir-se cómodas com esta separação.
Eu senti-me bastante estranho neste recuo no tempo...
A fotografia é do inesquecível Robert Doisneau (acho que já a publiquei, mas...).

12 comentários:

  1. Me senti exatamente assim em Vila Pouca de Aguiar. Sensação estranhíssima mesmo, ainda mais sendo mulher, urbana, ativista de direitos iguais.

    Beijinhos

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  2. E para quem gosta de um bom café, e dois dedos de boa conversa, e ser mulher, entrar nesses lugares, nesses lugares ainda distantes faz alguma confusão, a "elas" e a "eles" que vivem por lá...

    Beijos, Luís M.

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  3. Às vezes sinto-me assim aqui mesmo, nesta terrinha que tu também conheces...
    No interior do país é assim, seja Beira ou Alentejo...

    Beijinho, Luís

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  4. Ai Luís, e se eu te dissesse que sou uma dessas mulheres?

    Olha que os cafés de aldeia da beira não são lugar para mulheres normais. Fuma-se, bebe-se, grita-se, dizem-se palavrões e joga-se às cartas, tudo em excesso. Viva o descanso caseiro!

    beijinho

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  5. E será que é só na Beira? Hum, não me parece. Isso são sinais de subdesenvolvimento e menos de regionalismos, creio eu. Acontece, porém, que se trata de uma zona do interior onde, por razões mais ou menos óbvias, o progresso (seja ele qual for) demora mais a chegar.
    Bjs

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  6. é assim memo Luís

    e acredita, basta só andares uns parcos quilómetros em linha transversal à costa...

    estranho como tudo às vezes é tão longe!


    beijos

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  7. eu nunca tinha sentido tanto isto, talvez por no Verão as coisas serem diferentes, há festas e mais pessoas da cidade, Cris...

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  8. sem qualquer dúvida, M. Maria Maio...

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  9. das que ficam em casa, Alice?

    e não pensam fazer uma revolução de costumes?

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  10. claro, Maré, basta sairmos da cidade.

    mas nem sempre reparamos tanto. eu reparei por verificar na mesma realidade em três terras diferentes...

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