quarta-feira, outubro 09, 2024

«Quando somos significantes, por muito que se esforcem, é difícil reduzirem-nos à insignificância.»


O mundo do trabalho é um lugar estranho e desigual. E no nosso país ainda parece que é pior, quando sabemos que o normal é os patrões ou gestores ganharem vinte vezes mais que o ordenado médio dos restantes trabalhadores.

Esta "desigualdade" ainda é mais grave, por sabermos que muitos destes gestores se queixam de que não podem pagar mais que o ordenado mínimo aos seus colaboradores, sempre que se fala de aumentos...

Falo disto porque uma pessoa amiga mudou de emprego. Os patrões nem sequer fizeram um esforço para igualar ou cobrir a oferta da concorrência. 

Não sei se não perceberam a sua importância, ou se fingiram não perceber. O facto é que ela era a "alma da casa". Além de os substituir em muitas questões técnicas e criar bom ambiente de trabalho, deu-lhes muito dinheirinho a ganhar, que é o que mais conta para eles...

Estive com ela há dias. Está satisfeita no novo emprego, até porque ganha mais e trabalha menos. Como é uma empresa bem organizada, cada um sabe o que tem de fazer (não lhe cai quase tudo em cima, com acontecia anteriormente...) e o normal é as coisas correrem bem.

O mais curioso foi, que, quando ela falou com os patrões, estes não a levaram a sério e até quase que brincaram com a situação. Essa atitude acabou por ser decisiva para a sua saída.

Ela resumiu quase tudo a uma frase: «Quando somos significantes, por muito que se esforcem, é difícil reduzirem-nos à insignificância.»

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


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