sexta-feira, outubro 25, 2024

Procurar explicações (mesmo que possam não existir justificações)...


Não é assim tão difícil encontrar explicações para a continuidade de actos de violência e de destruição de bens públicos e privados nos bairros mais problemáticos da periferia da Capital (em ambas as margens do Tejo...).

Todos sabemos que estes actos não nascem no "coração" destes lugares, que albergam maioritariamente, gente de bem. Gente que vive do seu trabalho e no seu dia a dia não faz grandes ondas, mesmo que receba um tratamento de "cidadão de segunda", e até de "terceira", neste país que finge não ser racista.

Basta utilizar os transportes públicos logo às seis, sete horas da manhã, para ver quem são as mulheres (estão em maioria...), que começam a trabalhar mal o dia amanhece, em escritórios, cafés, hotéis, restaurantes, etc., para que tudo esteja "num brinco", quando estes abrirem as suas portas ao público. Sobressai sempre a sua cor, pouco europeia, tal como a sua voz viva, mesmo que se exprimam muitas vezes em crioulo, umas com as outras.

Não são elas que andam a provocar desacatos, aqui e ali. Provavelmente são os seus filhos, que devido aos horários de trabalho estranhos das mães, ficam desde muito cedo entregues a eles próprios, nas ruas destes bairros, que se prestam a tudo. E naturalmente, mais rebeldes e conhecedores do mundo, não gostam, nem querem ser, "cidadãos de segunda" ou "de terceira", no país onde nasceram e cresceram...

Não devia ser normal o nosso esquecimento, destes pequenos-grandes pormenores, que acabam por explicar muitas coisas, mesmo que estejam longe de as justificar...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


1 comentário: