terça-feira, novembro 28, 2023

O gosto doentio de acusar antes de julgar...


É quase como uma "peste", esta mania de se estar sempre a apontar o dedo ao outro. As redes sociais ainda agravaram mais esta nossa deficiência moral, de quem apenas se olha ao espelho, para se pôr "bonito" e ir espreitar ao mundo, mesmo que este número não passe de uma farsa.

Não sei se me assusta ou se me enoja, esta nossa nova forma de vida, que valoriza cada vez mais o espectáculo e a mentira, como se tudo o que nos rodeia não passasse apenas de ficção.

O mais grave, é que nem a própria justiça conseguiu escapar imune a esta "peste".

Quando é que tudo começou? Não sei bem. Talvez com o juiz que foi até aos Passos Perdidos prender um político suspeito de pedofilia (que depois até recebeu uma indeminização de ter estado preso sem culpa formada...). Outro bom espectáculo televisivo, foi a prisão em directo, no aeroporto, de um ex-primeiro-ministro (que depois desse "número" e de ter estado em prisão preventiva, foi devolvido à  liberdade, ainda sem ter sido acusado de qualquer crime...). Há inclusive um canal televisivo (CMTV) que trata todos estes casos de polícia como se fossem "telenovelas", com episódios diários, onde nunca falta o "suspense" final, para que se sigam os próximos capítulos.

Infelizmente, o poder judicial nunca mais deixou de estar colado ao jornalismo mais rasteiro e abjeto que existe entre nós, que além de não respeitar o "segredo de justiça", adora acusar antes de julgar.

E se chegámos a um tempo em que são os próprios agentes judiciais, que dão mostras de preferir os "julgamentos públicos" na comunicação social à aplicação da lei nas salas de audiência, parece fazer cada vez menos sentido a existência de tribunais...

(Fotografia de Luís Eme - Lisboa)


3 comentários:

  1. Bom dia
    E se houvesse a lei de se fazer justiça pelas próprias mãos , nem é bom saber como seria .

    JR

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  2. (Concordo contigo, Rosa... deixei fugir o teu comentário)

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